Florence Nightingale (1820–1910)
“A dama com a lâmpada”
Florence Nightingale nasceu em 1820, filha de pais ingleses ricos, William e Fanny Nightingale, que herdaram uma grande fortuna. Florence, e sua irmã, Parthenope, foram educadas em línguas, história e matemática pelo pai, e em etiqueta, sociedade e costumes pela mãe. Quando Florence tinha 12 anos, ela estava montando um pônei perto de sua propriedade familiar em Hampshire, quando encontrou um pastor cujo cão tinha quebrado a perna. O pastor disse a Florence que o cão deveria ter que ser sacrificado. Mas Florence não poderia ouvir isso. Ela imediatamente se encarregou da situação, atando a perna quebrada e cuidando as feridas do cão até o animal se recuperar.
Aos 17 anos, Florence escreveu em seu diário: “Deus falou comigo e me chamou para o serviço dele”. Quando Florence contou aos pais que ela se sentia chamada para servir a Deus tornando-se uma enfermeira e cuidando dos doentes, William e Fanny ficaram mortificados. Naqueles dias, os hospitais eram estabelecimentos miseráveis, e os enfermeiros que trabalhavam neles eram tão desonestos quanto as instituições que serviam. William e Fanny tinham “coisas muito mais nobres” para Florence do que se tornar uma “mera enfermeira”. Mas Florence não seria dissuadida de seguir seu chamado para a enfermagem. Em 1845, ela mesma começou a visitar os hospitais para estudar como eles operavam. Em 1851, ela convenceu seus pais a permitirem que ela se treinasse como enfermeira no instituto de diaconisas protestantes em Kaiserwerth, na Alemanha.
E, em 1853, ao regressar à Inglaterra, aceitou um cargo de superintendente da Instituição para Cuidados de Fidalgas Doentes, em Londres. Florence aproveitou a oportunidade que o emprego providenciou para transformar a Instituição para Cuidados de Fidalgas Doentes em um hospital modelo naqueles tempos, colocando sinos nas enfermarias para que os pacientes pudessem chamar os enfermeiros sempre que precisassem deles e treinando a equipe de enfermagem para oferecer cuidados de qualidade quando convocadas para fazê-lo.
Nesse meio tempo, estourou Guerra da Crimeia. As notícias dos bastidores da frente de guerra eram de que os feridos estavam sendo tratados de forma assustadora. Muitas vezes, deixados para morrer, em imundas camas improvisadas de palha, com disenteria. O Secretário de Guerra, Sydney Herbert, perguntou a Florence se ela poderia fazer algo sobre a situação. E, dois dias depois, Florence já se encontrava no caminho para o hospital principal em Scutari, Turquia, com 34 de suas enfermeiras. Florence estava decidida a fazer todo o possível para proporcionar o melhor cuidado que fosse possível. Mas quando chegou lá, Florence se viu bloqueada por todos os lados. Por um lado, havia os burocratas militares que não queriam levantar um dedo para ajudar as “mulheres interferentes”. E, por outro lado, havia os médicos, que não queriam ser ofuscados por enfermeiras em “seu próprio hospital”.
Mas Florence manteve-se intrépida com essas obstruções. Ela confrontou-as sem medo. “A própria essência da verdade parecia emanar dela”, escreveu William Richmond, impressionado. Ela teve, ele afirmou, “um destemor perfeito ao dizer isso!”. Florence ignorou os regulamentos do exército que a atrapalhou em conseguir o que ela precisava para os homens que estavam sob seus cuidados. Para qualquer um que tivesse a ousadia de tentar dizer-lhe que algo “não poderia ser feito”, ela respondia, rapidamente, “mas isto deve ser feito!”, “deve ser feito!”.
Entretanto, Florence nunca exigiu dos outros mais do que exigia de si mesma. Ela estava “de plantão” 24 horas por dia. Ela acompanhava seus pacientes no centro cirúrgico e, como o clorofórmio ainda não havia sido inventado, ficava com eles durante a operação para aliviar suas dores. Ela costumava passar oito horas por dia de joelhos, limpando, cuidando e atando as feridas dos feridos. Então, antes de se aposentar, ela acendia uma lâmpada e passava caminhando pelas enfermarias, pelos quase 6,5 km de homens enfileirados nas camas, lado a lado, no hospital militar, apenas para se certificar de que estavam tão confortáveis quanto poderiam estar durante a noite. A lenda diz que os homens costumavam beijar sua sombra quando ela passava.
Embora esgotada e exausta, Florence se recusou a deixar Scutari até que todos os soldados fossem evacuados em julho de 1856. Quando ela voltou para casa, a “Dama da lâmpada” era uma heroína. Mas Florence desprezou a publicidade. Ela não fez nenhuma aparição pública, nem deu nenhuma entrevista à imprensa. Em vez disso, nos 16 anos seguintes, ela investiu seu tempo na formação de enfermeiras e trabalhou incansavelmente para uma verdadeira reforma da saúde.
Ao longo do tempo, sua própria saúde começou a falhar, e em 1896, Florence ficou completamente acamada. Por seus esforços heroicos na transformação da profissão de enfermagem, em 1907, Florence Nightingale, acamada, tornou-se a primeira mulher a receber a British Order of Merit (Ordem Britânica de Mérito). Florence foi citada dizendo: “Simplesmente fiz o trabalho do meu Mestre”. E, assim tendo o feito, em 1910 ela morreu.
N.T.: Florence nasceu em Florença, e recebeu seu nome em homenagem à cidade em que nasceu, na Toscana italiana.