O Jejum: preparando o seu coração para a Páscoa
Na leitura sobre Jejum, do livro 40 Dias, 40 Palavras, somos convidados a mergulhar na prática do jejum e explorar seu significado profundo. O jejum vai além da simples abstinência; é a prática de negar a si mesmo. Este ato de jejuar nos desafia a repensar nossas prioridades e a focar no que é verdadeiramente essencial em nossas vidas.
Ao dedicarmos um tempo para jejuar, estamos fazendo uma declaração ousada e radical para o mundo ao nosso redor. Estamos proclamando que nossa identidade e valores não são moldados pelas normas da sociedade, mas sim pela nossa fé e convicção espiritual. Estamos escolhendo ser diferentes, buscando uma conexão mais profunda com o Senhor e priorizando o relacionamento com Deus sobre as distrações.
Temos uma grande oportunidade com esta mensagem de aprofundar a nossa compreensão do jejum e da relevância desta prática em nossa vida com Deus. Confira:
Jejum
O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo? Não é partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou, e não recusar ajuda ao próximo?
Isaías 58:6-7 Tweet
O jejum é uma prática cristã tradicional, mas é relevante para a nossa vida hoje.
Poderíamos pensar no jejum em termos de apetites e satisfações. Em nossa vida diária, comemos o que queremos, consumimos entretenimento como desejamos e nos entregamos às atividades que nos dão prazer. Satisfazemos os nossos apetites. A nossa vida se resume a nos alimentarmos… constantemente.
O jejum é a prática de negar a si mesmo. Ele vai contra essa cultura de consumo em que vivemos. Ao nos negarmos a nós mesmos durante algum tempo — comida, bebida, coisas, atividades, entretenimento —, nos posicionamos, declarando que algo diferente é o mais importante. Essa é uma radical declaração para o nosso mundo de que não estamos simplesmente seguindo as normas e de que escolhemos ser diferentes. De certa maneira, o jejum é a verdadeira guerra cultural.
Na Bíblia, as raízes do jejum remontam à observância anual do Dia da Expiação pelos israelitas. O sumo sacerdote efetuava uma série de sacrifícios de animais no tabernáculo (mais tarde, no templo) como pagamento pelos pecados do povo. As instruções em Levítico dizem: “…nesse dia se fará propiciação por vocês, para purificá-los.
Então, perante o Senhor, vocês estarão puros de todos os seus pecados” (16:30). O que se esperava que o povo fizesse? Não trabalhar naquele dia e abster-se de comer: “…será um sábado de descanso, quando vocês se humilharão…” (v.31).
A maioria dos estudiosos entende que a frase “se humilharão” envolve jejum, e essa tem sido a tradição judaica há séculos. Porém, a palavra hebraica é muito forte, frequentemente traduzida como “se afligirão”. Embora não sugira automutilação, é claramente uma ação de humilhação. Talvez a lógica seja algo semelhante a: Enquanto o sacerdote está efetuando um sacrifício no altar em seu nome, você precisa fazer algum sacrifício próprio, negando-se o prazer da comida durante um dia.
Ao pensarmos em jejuar durante estes 40 dias — abdicar alguma coisa —, devemos considerar algo que não seja fácil, algo não tão casual, algo que realmente, bem, doa abdicar.
Isaías acrescenta mais uma ou duas questões à ideia do jejum: “O jejum que desejo não é […] partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou, e não recusar ajuda ao próximo?” (Isaías 58:6-7).
O contexto para esse comentário de Deus está em um versículo anterior: “Contudo, no dia do seu jejum vocês fazem o que é do agrado de vocês e exploram os seus empregados” (v.3). Ao responder aos indignados grevistas da fome, Deus observou que eles estavam maltratando as pessoas ao seu redor. Poderiam eles realmente esperar que Deus honrasse os seus atos religiosos quando a vida deles estava cheia de violência e exploração?
Para o nosso jejum fazer diferença no mundo, ao implorarmos a Deus para corrigir os erros, precisamos ter certeza de que nós mesmos não somos agentes desses erros. Além disso, a passagem sugere que, em última análise, o jejum não se trata de nós. Ao jejuar, devemos nos afastar do “eu” e do “mim”. Nisso, estamos dizendo: “Eu posso viver sem isso. Talvez outra pessoa possa ficar com o que eu não estou usando”.
PREPARANDO O SEU CORAÇÃO PARA A PÁSCOA
Ao jejuar durante esta jornada de 40 dias até a cruz, você experimenta um pouco da grande fome que muitos outros vivenciam durante o ano todo.
- De que maneira você pode “partilhar sua comida com o faminto” e “abrigar o pobre desamparado” (Isaías 58:7)?
- De que maneira você pode difundir o amor do Deus vivo para as pessoas ao seu redor?