Reflexões e orientações para o professor zelar pela qualidade de vida em meio ao estresse da profissão
No início de junho deste ano, dois incidências com professoras da região Sul impactaram o País. Na mesma semana, as educadoras Rosane Maria Bobato e Silvaneide Monteiro Andrade vieram a óbito em ambiente escolar por mal súbito, ao que tudo indica, desencadeado por estresse profissional.
Os acontecimentos acima lançaram luz sobre um tema de extrema relevância: a qualidade de vida do profissional da educação. Em comemoração ao Dia do Professor, o Sementes Pão Diário Kids aborda o tema entrevistando Ediane Spaki. Ela é pedagoga especializada em neuropsicologia, com mais de 20 anos de experiência como professora e 10 como coordenadora e diretora escolar na rede pública de ensino.
Ediane ainda é idealizadora do movimento Docência sem Culpa e, logo abaixo, comenta sobre os desafios de um professor no contexto escolar. Ela concede orientações para que o educador zele pela qualidade de vida em meio ao estresse da profissão.
Desafios nos tempos atuais
A sensação de incapacidade tem adoecido muitos profissionais da educação. Para Ediane, o que mais afeta um professor são as salas de aula superlotadas e a falta de estrutura física e pedagógica para as crianças neurodivergentes.
“Estamos vivendo uma alta demanda de trabalho devido a tantas diversidades em sala de aula”, comenta Ediane, que acrescenta: “acomodar as situações, familiares, históricas, culturais, neurológicas, emocionais e psicológicas é necessário, apesar dos desgastes – humanamente falando”.
A pedagoga ainda enfatiza que a cobrança por resultados está a cada ano mais alta, devido a avaliações externas.
Orientações para a saúde mental no trabalho
A pedagoga Ediane comenta sobre os pilares que norteiam seu ofício para manter uma saúde mental estável. Para ela, uma vida espiritual, emocional e nutricional é fundamental. “O conjunto desses elementos fez com que eu entendesse meu papel como professora”.
O autoconhecimento é outra dica importante. Participar de programas de bem-estar, terapias em grupo, palestras e treinamentos sobre o tema contribuem de maneira expressiva. Essas ações ajudam o professor a lidar com uma problemática extra: as pressões do próprio sistema que, por vezes, cobram do profissional o desenvolvimento pleno do aluno em condições limitadas.
Ediane defende que sem a certeza e o conhecimento da própria identidade e a compreensão de até onde vai a responsabilidade do professor, um sentimento de culpa é gerado, e a saúde mental, desestabilizada.
A contribuição da escola para um professor saudável
Na visão da pedagoga, a escola deve contribuir com o educador sensibilizando as famílias e incentivando cada ator da comunidade escolar a assumir o seu devido papel. “É preciso conscientizar o aluno sobre questões de cidadania, responsabilidade e respeito ao professor. O Conselho Escolar precisa valorizar o profissional e validar positivamente o seu trabalho”, enfatiza Ediane.
Concluindo, Spaki destaca o melhor presente que uma escola pode oferecer: salas de aulas com um número reduzido de estudantes para uma melhor qualidade de ensino e a atenção às singularidades do aluno para que seu desenvolvimento seja potencializado.
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