Cinco conselhos de Charles Spurgeon
Charles H. Spurgeon, conhecido como “príncipe dos pregadores”, foi um dos maiores evangelistas do século 19. Ele expunha as Escrituras de maneira simples e compreensível, leu muitos livros e nos deixou diversos sermões e reflexões que podem servir de orientação para a caminhada cristã. Dentre tantos escritos, separamos 5 conselhos para sua edificação.
E aí, qual desses você está precisando trabalhar em sua vida?
É interessante observar como é grande a parte das Escrituras Sagradas que fala da oração, seja dando exemplos, reforçando preceitos ou anunciando promessas. Mal abrimos a Bíblia, lemos: “daí se começou a invocar o nome do Senhor”, e prestes a fechar o livro, o “amém” de uma fervorosa súplica chega aos nossos ouvidos. Os casos são abundantes. Aqui encontramos um Jacó em conflito, ali um Daniel que orava três vezes ao dia, e um Davi que, do fundo do seu coração, clamava por seu Deus. Na montanha vemos Elias; na masmorra, Paulo e Silas. Temos uma multidão de mandamentos e uma infinidade de promessas. O que isto nos ensina além da sagrada importância e necessidade da oração? Se o Senhor falou tanto sobre a oração, é porque sabe o quanto precisamos dela. Nossa necessidade é tão profunda que, até chegarmos ao céu, não devemos parar de orar. Você não quer nada? Então, temo que não tenha consciência de sua pobreza. Não há alguma misericórdia a pedir a Deus? Então, que a misericórdia do Senhor mostre a você a sua miséria! Uma alma sem oração é uma alma sem Cristo. A oração é a respiração, a palavra de ordem, o conforto, a força e a honra do cristão. Se você é um filho de Deus, irá procurar a face do Pai e viver em Seu amor. Ore para que você seja santo, humilde, zeloso e paciente; tenha uma comunhão íntima e direta com Cristo e que participe com mais frequência do banquete de Seu amor. Ore para ser um exemplo e uma bênção aos outros, e para que possa viver mais para a glória de seu Mestre. O lema para este ano deve ser: “Perseverai na oração.”
É um jeito alegre de acalmar a tristeza, quando sinto que “Ele cuida de mim”. Cristão! Não desonre a religião mantendo uma testa franzida de preocupação; venha, entregue seu fardo ao seu Senhor. Nada é tão doce quanto Descansar nas mãos de Deus, e Conhecer apenas a Sua vontade. Ó, filho do sofrimento, seja paciente; Deus não lhe negou a Sua providência. Ele, que alimenta os pardais, também lhe dará o que você precisa. Não se entregue ao desespero; tenha esperança, espere sempre. Há Aquele que cuida de você. Seus olhos estão fixos em você, Seu coração bate piedosamente por seu infortúnio e Sua mão onipotente trará a ajuda de que precisa. As nuvens mais sombrias devem se dissipar em chuvas de misericórdia. A tristeza mais profunda dará lugar à manhã. Ele, se você fizer parte de Sua família, irá fechar as feridas e curar seu coração partido. Não duvide de Sua graça por causa de sua tribulação, mas acredite que Ele o ama tanto nas temporadas de problemas, como nas horas de alegria. Que vida serena e tranquila você levará se deixar a provisão nas mãos do Deus da providência! Com um pouco de azeite na botija e um punhado de farinha na panela, Elias sobreviveu à fome, e você fará o mesmo. Se Deus tem cuidado de você, por que precisa se preocupar também? O Senhor nunca se recusou a aliviar o seu fardo, Ele nunca desabou com o seu peso. Então, venha alma! Não se inquiete, mas deixe todas as suas preocupações nas mãos do Deus da graça.
Deleite no serviço divino é um sinal de aceitação. Aqueles que servem a Deus com o semblante triste porque não estão fazendo o que os agrada, não servem ao Senhor. Nosso Deus não precisa de escravos para enfeitar Seu trono; Ele é o Senhor do império do amor e deveria ter Seus servos vestidos de alegria. Os anjos servem a Deus com cânticos, não com rugidos; um murmúrio ou um suspiro seria um motim em suas hordas. Obediência que não é voluntária é desobediência, porque o Senhor vê o coração e se Ele vê que o servimos à força e não por amor, rejeitará a nossa oferta. Trabalhar com alegria é servir com o coração e, portanto, verdadeiro. Retire a disposição alegre de um cristão e terá removido a prova de sua sinceridade. A alegria é o sustento da nossa força; na alegria do Senhor somos fortes. Ela funciona como o removedor de dificuldades. É para o nosso trabalho, como o óleo que lubrifica as rodas de um trem. Sem óleo, o eixo logo aquece e os acidentes acontecem; e se não há uma alegria santa para lubrificar nossas rodas, nosso espírito será obstruído pela fadiga. O homem que se alegra no serviço de Deus, prova sua obediência e pode cantar. Guia-me pela vereda dos Teus mandamentos, Essa é uma estrada de deleite. Leitor, analisemos esta questão: você serve ao Senhor com alegria? Vamos mostrar ao mundo, que acha que a nossa religião é escravidão que, para nós, ela é deleite e alegria! Que nosso contentamento declare que servimos a um bom Mestre.
Sempre dará ao cristão a maior calma, tranquilidade, conforto e paz, pensar na justiça perfeita de Cristo. Quantas vezes os santos de Deus estão abatidos e tristes! Não acho que deveriam ficar. Não acho que ficariam se pudessem sempre ver sua perfeição em Cristo. Há alguns que estão sempre falando sobre corrupção, depravação do coração e maldade inata da alma. Isso é verdade, mas por que não ir um pouco além, e lembrar-se de que nós somos “perfeitos em Cristo Jesus”? Não é de espantar que aqueles que estão vivendo de sua própria corrupção devam sustentar olhares tão abatidos; mas certamente se nos lembrarmos que “Cristo se tornou para nós justiça”, teremos bom ânimo. Apesar das angústias que me afligem, apesar dos ataques de Satanás e embora possa haver muitas coisas a serem vivenciadas antes de eu chegar ao céu, todas essas coisas são feitas para mim e estão incluídas na aliança da divina graça; não há nenhuma falta de provisão em meu Senhor, Cristo fez tudo. Na cruz Ele disse “está consumado” e se está consumado, então estou completo nele, e posso me regozijar com alegria indescritível e cheia de glória. “Não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé.” Você não encontrará nesse céu pessoas mais santas do que aquelas que receberam em seus corações a doutrina da justiça de Cristo. Quando o cristão diz: “Vivo só em Cristo; descanso nele apenas pela salvação, e creio que, apesar de não merecer, ainda sou salvo em Jesus”, então esse pensamento se eleva como motivo de gratidão: “Não deverei viver para Cristo? Não deverei amar e servi-lo, vendo que sou salvo por Seus méritos?” “O amor de Cristo nos constrange” “para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”.
Como uma motivação para oferecer oração intercessora, lembre-se de que tal oração é a mais doce aos ouvidos de Deus, pois a oração de Cristo tem esse caráter. Em todo o incenso que nosso Grande Sumo Sacerdote coloca agora no incensário, não há um único grão por si próprio. Sua intercessão deve ser a mais aceitável de todas as súplicas — e quanto mais nossa oração for parecida com a de Cristo, mais doce ela será; assim, enquanto serão aceitas petições por nós mesmos, nossas súplicas por outros, tendo neles mais do fruto do Espírito, mais amor, mais fé, mais bondade fraternal, serão, por meio do precioso mérito de Jesus, a mais doce oferta que podemos dar a Deus, a própria gordura do nosso sacrifício. Lembre-se, mais uma vez, que a oração intercessória é a que mais prevalece. A Palavra de Deus está recheada com seus feitos maravilhosos. Cristão, você tem uma ferramenta poderosa nas mãos: use-a bem e constantemente, use-a com fé e certamente será um benfeitor para seus irmãos. Quando estiver aos ouvidos do Rei, fale com Ele sobre o sofrimento dos membros de Seu corpo. Quando você for chamado para perto de Seu trono e o Rei disser: “Peça, que eu darei o que quiser”, que suas petições sejam, não apenas por si mesmo, mas pelos muitos que precisam de Sua ajuda. Se você tiver alguma graça e não for um intercessor, essa graça deve ser tão pequena quanto um grão de mostarda; você tem graça suficiente para deixar sua alma flutuar na areia movediça; mas você não tem esse fluir profundo da graça, caso contrário levaria em si mesmo a carga pesada dos desejos dos outros, e voltaria para eles com ricas bênçãos do seu Senhor.