Sofonias lança sua mensagem de condenação nessas condições. No entanto, a quem ela era endereçada? Vejamos com mais detalhes o que estava acontecendo, e com quem Deus estava indignado: “Estenderei a mão contra Judá e contra todos os habitantes de Jerusalém. Eliminarei deste lugar o remanescente de Baal, os nomes dos oficiantes idólatras e dos sacerdotes” (1:4). Em primeiro lugar, lemos que sua mensagem era para as pessoas que participavam e lideravam o culto, ou seja, para a liderança de louvor e adoração. No versículo 8 ele diz: “No dia do sacrifício do Senhor castigarei os líderes e os filhos do rei e todos os que estão vestidos com roupas estrangeiras”. Aqui ele fala da elite que liderava a nação e que tinha uma condição distinta. Já no versículo 11 ele menciona os comerciantes e os negociantes: “Lamentem, vocês que moram na cidade baixa; todos os seus comerciantes serão completamente destruídos, todos os que negociam com prata serão arruinados”. Mais adiante, já em outro capítulo, o profeta dirige-se aos juízes e aos profetas: “No meio dela os seus líderes são leões que rugem. Seus juízes são lobos vespertinos que nada deixam para a manhã seguinte. Seus profetas são irresponsáveis, são homens traiçoeiros. Seus sacerdotes profanam o santuário e fazem violência à lei” (3:3-4). Para efeito de comparação, esses poderiam equivaler aos pastores atualmente. Qual seria a disposição e critério de Deus na convocação destes para o acerto de contas?
Observe o seguinte versículo: “Nessa época vasculharei Jerusalém com lamparinas e castigarei os que são complacentes, que são como vinho envelhecido, deixado com os seus resíduos, que pensam: O Senhor nada fará, nem bem nem mal” (1:12). Deus afirma que os injustos, que merecem o castigo, vão finalmente recebê-lo, pois Ele os procurará com uma lanterna e ninguém conseguirá esconder-se na escuridão. O juízo do Senhor alcançará todos os ímpios que o desobedecem, não importando a posição social que tenham, se são ou não religiosos, se são líderes civis, qual a sua profissão etc. Todos os que têm culpa responderão nessa ocasião com a disciplina, castigo e julgamento de Deus.
No texto, vemos também que a prestação de contas não alcançava somente a nação de Judá, mas incluía nações vizinhas. Observe: “Gaza será abandonada, e Ascalom ficará arruinada. Ao meio dia Asdode será banida, e Ecrom será desarraigada. Ai de vocês que vivem junto ao mar, nação dos quereteus; a palavra do Senhor está contra você, ó Canaã, terra dos filisteus. Eu a destruirei, e não sobrará ninguém” (2:4-5). O castigo que estava para acontecer era generalizado e iria além das fronteiras de Judá. Ele afetaria as nações da região, mencionadas nos versículos acima, porém outros povos também passariam pelo julgamento: “Vocês também, ó etíopes, serão mortos pela minha espada” (2:12). Há diferentes traduções para a palavra que foi traduzida por etíope neste versículo. A palavra original é cuxe e refere-se a um povo que hoje estaria perto do território etíope. Na época desses eventos, eles dominaram o Egito, portanto, temos aqui uma referência ao Egito. Como vemos, o profeta estava focando no Egito, uma nação distante, ao sul, e comunicando que o julgamento também chegaria para eles.
Por fim, Sofonias dirige sua mensagem à nação que detinha o poder hegemônico naqueles dias: “Ele estenderá a mão contra o norte e destruirá a Assíria, deixando Nínive totalmente em ruínas, tão seca como o deserto” (2:13). Essa promessa foi cumprida a começar por Nínive, em 612 a.C., que foi totalmente conquistada numa noite. Seguiu-se o cumprimento, e a região de Judá foi cercada em 606 a.C. e as nações à sua volta caíram. A cidade de Jerusalém, embora sitiada em 606 a.C., rendeu- se efetivamente em 586 a.C. Depois de mais ou menos 20 anos, foi a vez do Egito cair. Os babilônios assumiram o poder e espalharam seu domínio por toda a região. Deus já havia profetizado, mediante Sofonias, sobre o juízo divino que cairia sobre todas essas nações, e foi exatamente assim que aconteceu.