Salmo 23: habitando na casa do Senhor
Há um divisor de águas em nossas vidas. Nós alcançamos o topo, ficamos ali por um momento, e então estamos do outro lado do monte. Daquele momento em diante tudo é declive. Mas não importa, pois nós estamos indo para casa. Oswald Chambers diz: para casa, retornando de destinos incertos. Para casa, livre do clima frio e estrangeiro. Para casa, para os braços do “Nosso Pai”, onde sou todo dele e Ele é meu.
Em casa, ali é onde está o meu coração. “Finalmente cheguei a casa!” gritou o unicórnio dirigindo-se ao céu, ao bater sua pata direita no chão. “Finalmente cheguei a casa! Este é o meu verdadeiro país! Aqui eu pertenço. Esta é a terra que estive procurando por toda a minha vida, ainda que não a conhecesse até agora. A razão pela qual amávamos a velha Nárnia era que, às vezes, ela se parecia um pouco com isto” (A Última Batalha, C. S. Lewis).
Não que o céu se pareça com nossa casa. O céu é de fato a nossa casa. Nossas casas terrenas são meros sinais ou reflexos, símbolos rudimentares de calor, amor, intimidade e familiaridade. A realidade final é:
Já ouvimos falar de Odisseu, o Holandês Voador, Frodo, e E.T., que queriam ir para casa; e nós também queremos ir para casa—para aquele lugar imune às mudanças, onde Deus enxugará cada lágrima dos nossos olhos, onde poderemos parar de “quebrar nossas asas pelas culpas que temos”, onde todos teremos um amigo, onde o amor nunca cessará, onde tudo finalmente irá cooperar para o bem. Aqui tudo corre mal; lá tudo irá bem. Nada se perderá, nada desaparecerá, nada cairá aos pedaços ou irá pelo ralo abaixo. O céu é a resposta divina à lei de Murphy. Nem todas as nossas feridas podem ser curadas nesta vida. Há algumas que teremos por toda nossa vida, porém, como disse um amigo meu, “Se você expor suas feridas à luz solar do amor de Deus, elas nunca vão supurar, e no céu serão curadas”.
Ser acolhido. Eu gosto dessa maneira de olhar para minha morte. Lembra-me de algo que Jesus disse: “Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver” (João 14:2-3).
Essa é a revelação fundamental sobre o céu em ambos os Testamentos: ser levado, ser recepcionado, ser recebido, ser abraçado, ser incluído. Para os filhos de Deus a morte não é uma frustração amarga, mas uma mera transição a um amor maior e permanente—um amor não alterado pelo tempo, não ameaçado pelo mal, não destruído pelo medo, não envolvido pelas dúvidas. Todos os sonhos de Deus terminam bem; todos os filhos de Deus vivem felizes para sempre. Este é o item preferido da minha fé.
Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede. Não os afligirá o sol, nem qualquer calor abrasador, pois o Cordeiro que está no centro do trono será seu Pastor; ele os guiará às fontes de água viva. E Deus enxugará dos seus olhos toda lágrima”. – Apocalipse 7:16-17