O papel da educação dos filhos ainda é culturalmente atribuído às mulheres. Quais os impactos desse contexto no desenvolvimento infantil
A falta da figura paterna é uma realidade que impacta milhares de famílias brasileiras. Ela ocorre não apenas quando um homem se isenta de assumir o seu filho documentalmente ou quando se ausenta do lar. Há uma quantidade expressiva de crianças que, mesmo tendo o pai dentro de casa, não possuem uma figura paterna saudável para se espelhar. Saiba quais os impactos de contextos como esses e como evitar.
Um estudo recente encomendado pela Fundação Getúlio Vargas identificou que mais da metade dos lares brasileiros é chefiada por mulheres. São mães sem cônjuge que assumem totalmente a educação de seus filhos. Essa realidade confirma que a cultura no Brasil ainda atribui à mulher a responsabilidade do cuidado parental.
Nesse sentido, há lares cristãos que podem ter um agravante. Também por questões culturais, há cristãos que ainda associam a figura paterna somente com um sacerdócio espiritual pautado no autoritarismo e com a provisão material de uma casa.
Para Silvana Leoni Calixto – psicóloga, palestrante e fundadora do Instituto Casa Rute – é essencial que o pai entenda que seu papel também é demonstrar amor, proteger, disciplinar com carinho, ouvir as demandas, acompanhar e cuidar de perto do filho.
Os impactos da paternidade no desenvolvimento infantil
Silvana comenta que a presença dos pais no cotidiano dos filhos é o que vai gerar o modelo de figura masculina que as crianças vão internalizar: “as crenças que esses filhos estão criando sobre o que é ser homem, o que é ser marido e o que é ser pai, serão formadas a partir das experiências do dia a dia”.
O equívoco social que deposita a responsabilidade maior da educação dos filhos sobre a mãe repercute de maneira extremamente prejudicial no desenvolvimento infantil.
“Naturalmente, o maior prejuízo está no modelo que essas crianças irão reproduzir no futuro, sem falar na ausência das experiências ricas que uma criança pode ter ao lado da figura paterna, que tende a ser mais desafiadora e estimuladora para a independência e autonomia da criança”, destaca Silvana.
A psicóloga ainda explica que a identidade sexual do menino se forma a partir do convívio com a figura masculina, de modo especial na aceitação incondicional deste pai em relação ao seu filho.
Já para as meninas, percebe-se a formação inconsciente de um modelo futuro de parceiro, onde a menina buscará alguém que lembre seu pai. “Por isso é tão comum a filha de um alcoólatra casar-se com um alcoólatra, e outros casos similares” comenta.
A Bíblia e a paternidade
Na Bíblia encontramos fundamentos para explicar o papel do pai na vida dos filhos, Silvana Calixto comenta alguns deles:

Deuteronômio 6
“Fala sobre a responsabilidade de inculcar a Palavra de Deus na vida dos filhos, entenda-se que quanto antes melhor. Pois a mente da criança é como cimento fresco, no início é fácil moldar, mas com o passar do tempo fica difícil”.
Efésios 6:4
“É possível encontrar a postura pacífica de disciplinar sem provocar a ira dos filhos. Ou seja, os pais devem lembrar que são os adultos da relação, se espera deles maturidade e consciência”.
Lucas 15:11-32
“A passagem do filho pródigo se trata de uma analogia da nossa relação com Deus-Pai. No entanto, também podemos aprender com essa passagem um modelo de paternidade deixado por Deus aos homens: um pai deve buscar ser cheio de amor e sabedoria em Deus para a saúde emocional e espiritual de seus filhos”.
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Acesse os conteúdos do Pão Diário Kids no Youtube. No episódio abaixo da Família PDkids, Arthur e seu pai exploram uma das verdades mais lindas da fé cristã: Deus é amor! É justamente por causa desse amor que Ele é um Pai perfeito, que cuida, protege, orienta e está sempre presente.
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