Mais que um devocional.

A Palavra da Cruz — Por Charles Spurgeon

A cruz de Cristo é sublimemente simples — adorná-la é desonrá-la. Não existe nenhuma declaração debaixo do céu mais musical do que esta: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões”. Todos os sinos que se poderia tocar para torná-los mais harmoniosos só acrescentariam um tilintar à sua melodia celestial, que é, em si mesma, tão doce que encanta os harpistas diante do trono de Deus! A doutrina de que Deus desceu à Terra em natureza humana — e nessa natureza levou os nossos pecados, as nossas dores e fez expiação por nossas transgressões através da Sua morte na cruz — é, em si, poesia inigualável, a perfeição de tudo o que é enobrecedor em pensamento e credo! No entanto, a tentativa é feita para adornar o evangelho como se ele precisasse de algo para recomendá-lo à compreensão e ao coração.

Paulo tinha zelo pela honra da cruz e não a propagava através de qualquer força, mas de sua própria, como ele mesmo diz: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus” (1 Coríntios 2:4,5). Depois de limparmos nosso caminho da sabedoria de palavras, chegamos agora à palavra de sabedoria. O apóstolo pregou a cruz e nosso primeiro assunto deve ser a palavra da cruz. Muitos dão à cruz uma má reputação e por isso o nosso segundo ponto deve ser a palavra daqueles que a desprezam — eles a chamam de loucura. E então, em terceiro, pensaremos na palavra aplicada à cruz por aqueles que nela creem — ela é para eles “o poder de Deus”. Que o Espírito Santo possa usá-la como o poder de Deus a todos nós hoje!

Primeiramente, então, falaremos sobre “A PALAVRA DA CRUZ”. Empresto o termo da Versão Revista e Atualizada, que coloca dessa forma: “A palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus”. Isso é, a meu ver, uma tradução precisa. O original não é “a pregação da cruz”, mas “a palavra da cruz”. Essa interpretação nos dá um título para o nosso primeiro ponto e, ao mesmo tempo, coloca diante de nós exatamente o que o evangelho é: “a palavra da cruz”. Da qual, primeiramente, reúno informações de que a cruz tem um ensinamento ou palavra uniforme. Devemos sempre pregar a palavra da cruz e a cruz não tem muitas palavras, mas apenas uma. Não há dois evangelhos nem dois deuses — não há duas expiações nem dois salvadores. Há apenas um evangelho como há um só Deus, e há apenas uma expiação como há um Salvador. Outros evangelhos não são tolerados entre cristãos sinceros. O que o apóstolo diz? “Se nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregar evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja ele candidamente ouvido e silenciosamente aceito fraternalmente”? Nada disso! Citarei as Escrituras. Paulo diz: “Seja anátema”. Ele não tem mais tolerância do que isso com ele, pois Paulo amava a alma dos homens, e tolerar veneno espiritual é auxiliar e cooperar com assassinato de almas! Não há evangelho debaixo do Céu a não ser o evangelho de Jesus Cristo!

A palavra da cruz, uma vez que é a Palavra expressa de Deus, permanece para sempre! Gerações de homens vêm e vão como o crescimento anual da erva do campo, mas a palavra do Cordeiro permanece eternamente a mesma em todos os lugares, a mesma para todas as nacionalidades, a mesma para todo temperamento e tipo de mente!

Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto”. Dessa palavra entendo, então, que a doutrina da expiação é uma palavra em oposição a muitas outras palavras que estão constantemente sendo proferidas. Pregamos Cristo crucificado, e Sua voz da cruz é: “Olhai para mim e sede salvos”. Mas outra voz clama alto: “Faça isso e viverá”. Nós a conhecemos — é a voz da antiga aliança que o Senhor Jesus removeu, lançando fora a primeira aliança para que Ele pudesse estabelecer a segunda. A doutrina da salvação pelas obras, salvação pelos sentimentos, e salvação pela religiosidade exterior não é a palavra da cruz, pois ela fala de forma completamente diferente! A chamada para a salvação pelas obras é uma voz estranha dentro do rebanho da Igreja — e as ovelhas de Cristo não a seguem, porque não reconhecem a voz dos estranhos. A palavra do evangelho coloca desta maneira: “Pois esta palavra está mui perto de ti, na tua boca e no teu coração”. Isto é, a palavra de que pregamos — que “Se, com a tua boca, confessares Jesus como o Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”. “Creia e viva” é a palavra da cruz! Muito menos consideramos a palavra de cerimonialismo e sacerdotal que ainda permanece entre nós. Tínhamos pensado que era um eco sem vida do passado morto, mas, infelizmente, é uma voz poderosa e está constantemente aumentando seu volume. O sacerdócio conclama: “Confesse a mim e terá perdão! Realize esta cerimônia e submeta-se a este outro rito e receberá uma bênção sagrada através de homens ordenados pelo Céu!”

Não reconhecemos essa voz, pois é a voz de falsidade! Aquele que crê em Cristo Jesus tem a vida eterna! Somos completos nele e não conhecemos nenhum sacerdote exceto esse Sumo Sacerdote, que, por Seu único sacrifício, aperfeiçoou para sempre os que foram separados! Vozes aqui e ali são ouvidas como murmúrios vindos dentre os túmulos — esses são os murmúrios da superstição dizendo: “Eis aqui”, e “Eis, ali”, e um homem teve essa revelação e outro aquela. Mas por nenhum desses temos qualquer respeito, pois Deus falou e nossa pregação, a partir de agora, não é nada além de “a palavra da cruz”, que não é outra senão a palavra do Filho de Deus crucificado que nos amou e se entregou por nós! 

Embora Ele ame a justiça e odeie a maldade, Ele ama tanto os filhos dos homens que oferece o Seu unigênito para morrer a fim de que os pecadores possam viver! O que mais Deus poderia ter feito para provar Seu amor à humanidade? “Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”. O amor dentro dessa ação gloriosa não precisa de palavras, ele fala por si mesmo!

Jesus fez-se pecado por nós para que pudéssemos ser feitos justiça de Deus nele! “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” 

A palavra da cruz é “Deus é amor”

Bíblia de estudos e sermões de Charles Haddon Spurgeon

A Bíblia de estudos e sermões de Charles Haddon Spurgeon é inédita no mundo! Quando a idealizamos não imaginávamos o desafio que teríamos pela frente. Não foi tarefa fácil selecionar textos entre os mais de 3.000 excelentes sermões de Charles Haddon Spurgeon (1834–92). Traduzi-los de forma a respeitar o estilo do autor e a comunicar claramente com o leitor brasileiro exigiu sensibilidade. Desta forma, essa Bíblia mencionará eventos contemporâneos a Spurgeon e as tecnologias disponíveis em sua época. Apesar de terem sido escritos há mais de um século, as exortações e as consolações conservam uma atualidade impressionante.

Bíblia de estudos e sermões de Charles Haddon Spurgeon​

A Bíblia de estudos e sermões de Charles Haddon Spurgeon é inédita no mundo! Quando a idealizamos não imaginávamos o desafio que teríamos pela frente. Não foi tarefa fácil selecionar textos entre os mais de 3.000 excelentes sermões de Charles Haddon Spurgeon (1834–92). Traduzi-los de forma a respeitar o estilo do autor e a comunicar claramente com o leitor brasileiro exigiu sensibilidade. Desta forma, essa Bíblia mencionará eventos contemporâneos a Spurgeon e as tecnologias disponíveis em sua época. Apesar de terem sido escritos há mais de um século, as exortações e as consolações conservam uma atualidade impressionante.

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