Como é estar espiritualmente saudável o suficiente para produzir o fruto do Espírito na vida pessoal e na comunidade? A minha oração é para que Deus abra os nossos olhos e possamos ver coisas grandes e insondáveis em Sua Palavra.
O foco deste primeiro estudo é o fruto do Espírito, mas a maioria de nós conhece o fruto do Espírito. Para termos uma perspectiva diferente, queremos olhar para o contexto desta passagem para que possamos ver coisas que não vimos antes. Vamos olhar para o relato de Gálatas, falando da liberdade que temos em Cristo. Esta vai ser uma base sobre a qual o restante da carta se encontra. E assim, veremos o contexto, não em geral, mas especificamente o que leva à passagem bíblica que trata do fruto do Espírito.
Sou pai de cinco filhos e ter cinco filhos me dá uma série de ilustrações para os sermões. Os meus filhos são, de certa forma, exceção à regra, pois a maioria deles gosta que eu os use nas ilustrações de sermões a ponto de até me darem alguns exemplos. Um dia eu estava voltando para casa, quando cheguei Aidan tinha uma ilustração para mim. Ele me disse: “Papai, consegui”. “Ok, amigo, me conte”. “Deus é como uma galinha”. Então eu respondi: “Você pode me explicar?” “Sim, Deus é como uma galinha. E somos como os pintinhos, e Ele nos ama, nos protege e nos traz para perto dele como uma mamãe galinha faz com os pintinhos”. Eu lhe disse: “Isso é bom”, mas não tive coragem de dizer a ele que Jesus já havia usado essa ilustração, ainda assim o elogiei e encorajei.
Bem, seu irmão mais novo, Ian, ouviu isso; e sua pequena mente naquela época não conseguia entender que Aidan estava comparando Deus com a criação e o amor de uma galinha. Ele pensou que Aidan estava chamando Deus de galinha. E, então, confuso, ele refutou: “Deus não é uma galinha”. E eu tentei explicar: “Não, Aidan não está chamando Deus de galinha, ele estava apenas comparando Deus a uma galinha.”
Mas a metáfora da comparação tinha se perdido. E durante o jantar, em meio ao barulho de cinco crianças e dois adultos e variados assuntos, ouvimos uma batida na mesa. Meu filho Ian ainda queria a nossa atenção, e agora ele a tinha plenamente. Todos nós fixamos nossos olhos nele. E ele saiu da mesa com uma enorme marca vermelha na testa e lágrimas escorrendo. Em seguida gritou: “Deus não é uma galinha!” E então enxugando as lágrimas dos olhos, ele disse: “Mas Deus gosta de galinhas”.
Bem, acredito que Deus gosta de galinhas, faz parte da Sua criação, porém muito mais verdadeiro é que Deus ama os Seus filhos. Ele ama você e eu e todos aqueles que Ele fez à Sua imagem. E Ele nos ama do jeito que somos. Mas, como você sabe, Deus nos ama tanto que não se contenta que permaneçamos da maneira que somos. O que Deus quer em nossa vida é fruto espiritual e fibra do evangelho. Deus quer que sejamos cheios do fruto do Seu Espírito.
Quando eu dava aulas na universidade, um dos “mantras” que eu ensinava aos nossos alunos era contexto, contexto, contexto. Um versículo nunca pode significar o que nunca significou. Sei que a maioria de vocês está familiarizada com o fruto do Espírito, mas o que queremos fazer é olhar para o fruto do Espírito à luz do contexto de toda a carta que nos dará uma nova perspectiva, uma nova vantagem que aponta possivelmente para ver coisas no fruto do Espírito que nunca vimos antes. E assim, em Gálatas 5, Paulo nos diz que: “o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei”. E então, ao invés de apenas pular direto para esse versículo, queremos voltar um pouquinho e ver o que leva a isso.
E assim nós — ao invés de irmos direto para Gálatas 5, vamos para o capítulo 1 — onde Paulo vai nos dar o relato do seu texto. E o que vamos ver é que Deus nos ama do jeito que somos e nos perdoa por nossos pecados. Mas perdoar os pecados não é o final de tudo. Ele nos perdoa de nossos pecados para que possamos ter liberdade – liberdade do padrão deste mundo, do legalismo, de viver de acordo com nossa carne. Mas a liberdade não tem apenas um aspecto de, ela também tem um para. Cristo veio para nos perdoar de nossos pecados para que possamos ser livres do pecado, mas também livres para viver de acordo com o Seu Espírito, livres para sermos imitadores de Deus Pai, livres para sermos conforme a imagem de Jesus Cristo, liberdade para andar de acordo com o Seu Espírito.
E como isso se parece? Parece com o fruto do Espírito, e esse fruto do Espírito não é apenas individual, mas é em comunidade. E neste início, vemos que Gálatas é provavelmente a primeira carta de Paulo. E como você sabe, as cartas paulinas na verdade foram escritas antes do evangelho. E assim, bem no começo disso, Paulo vai nos explicar o evangelho de Jesus Cristo e como ele se parece. E assim, este é o primeiro escrito que temos que articula o evangelho de Jesus Cristo.
E então, vamos olhar para o versículo 3. Comece lá, onde Paulo diz: “A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo”. Então esta é sua introdução padrão, mas agora ele vai descompactar quem é essa pessoa de Jesus Cristo? E ele diz, Jesus Cristo é aquele “que se entregou a si mesmo por nossos pecados a fim de nos resgatar desta era perversa, segundo a vontade de nosso Deus e Pai, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém. E oramos para que fique gravado em nossas mentes e plantado em nossos corações e sempre em nossos lábios. Aqui, Paulo vem e diz algo como: “Deixe-me falar sobre essas boas-novas de Jesus Cristo. Jesus é aquele que se entregou a si mesmo. Ele o fez para que fôssemos perdoados e libertos.”
Ele se entregou. Para que a liberdade nos permitisse andar segundo o fruto do Espírito. Então é aqui que estamos indo, mas o apóstolo usa essa palavra. É uma palavra engraçada. Eu gosto de dizer isso em grego. Didomi. Vemos essa palavra didomi frequentemente usada nos evangelhos, às vezes de pessoas que entregam Jesus. Vemos Pilatos, ele didomis Jesus. Ele o entrega por medo dos judeus, os líderes religiosos da época. Os mesmos que também entregaram Jesus, e fizeram isso por ciúme. Temos Judas que didomis Jesus, por sua ganância. Mas aqui Paulo usa isso não sobre inimigos de Jesus Cristo, não de Pilatos, não dos líderes religiosos, mas em vez de Jesus se entrega – não por ganância, por medo ou por ciúmes, – Ele se entregou por amor.
E quando Jesus foi para a cruz, Ele não foi murmurando. Os guardas não tiveram que arrastá-lo. Mas, em vez disso, foi por amor a você e a mim que Ele se entregou. E Ele não apenas se condenou, mas Ele o fez por nossos pecados. Mais tarde, Paulo escreveu em uma carta que “Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21). E então Jesus Cristo não apenas morreu, mas o fez por nossos pecados para que pudéssemos ser perdoados pois Ele nos ama do jeito que somos. E Sua ação não ficou apenas na cruz. Sua entrega foi por amor. Ele se entregou por nossos pecados, mas qual foi o resultado?
É só por perdão? Paulo diz que não. A primeira articulação, no momento em que Ele prega o evangelho, não para com o perdão, mas, em vez disso, leva ao próximo ponto. Ele nos perdoou, Ele se entregou pelos nossos pecados para nos resgatar, para nos libertar, para nos arrebatar das garras do maligno. E assim a primeira declaração do evangelho de Paulo é que Cristo morreu por nossa liberdade. Como Paulo dirá mais adiante: “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou…”. Cristo veio para nos libertar do pecado, para nos libertar da carne, para nos libertar do poder de Satanás, para nos libertar da lei. Mas não é apenas qualquer liberdade de algo, com a qual nos contentamos.
É também uma liberdade para algo. Ele nos libertou para que pudéssemos andar de acordo com o Espírito de Deus que está dentro de nós, e pelo qual clamamos: “Aba, Pai”. Ele nos libertou para que pudéssemos produzir o fruto espiritual e a fibra do evangelho que nos mantém saudáveis enquanto mantemos o passo com Jesus Cristo e Seu Espírito. Então Ele se entregou para nos libertar deste mundo maligno, que foi marcado pelo poder de Satanás. As comunidades de Qumran eram contemporâneas de Paulo e disseram que este mundo era governado por Belial, outro nome para Satanás. Assim, Cristo veio para nos libertar do poder de Satanás.
E se você se lembrar em Hebreus, o autor vai dizer a mesma coisa: que Cristo veio para nos libertar do medo de Satanás e do poder da morte. Semelhante ao que vemos em Romanos 12, onde ele diz: “Não se amoldem ao padrão deste mundo”. Mas o que vamos ver em Gálatas é que Paulo vai explicar: como é esse mundo? O padrão do mundo é marcado pelo legalismo (vivendo em escravidão de acordo com a lei), ao qual alguns desses gálatas estavam tentados a voltar – ou vivendo da liberdade do pecado. Mas há alguns que pensam: “Não, uma vez que nos tornamos crentes, então temos que viver de acordo com a lei”. E Paulo diz: “Não, esse é o mundo”. Há alguns que dizem: “Ei, agora que fui perdoado de meus pecados, posso continuar vivendo em meus pecados”. E Paulo responde: “Claro que não. Do que você está falando?” Não, é a liberdade de nossos desejos pecaminosos também. E agora fomos libertos. Então Cristo veio não apenas para nos perdoar, mas também para nos libertar de ter que viver de acordo com o legalismo e livres de ter que viver de acordo com nossos desejos. Antigamente, e ainda hoje o pecado é irresistível. Não podemos dizer não a ele. Mas eis que tudo se fez novo, e Cristo veio para nos libertar – a sobreposição dessa era, e vamos aprofundar isso em cada estudo, à medida que chegarmos ao fruto do Espírito.
Agora temos a liberdade através de Jesus Cristo. Ele abriu a porta para que não tenhamos mais que ser escravos da lei, não mais escravos do medo, não mais escravos da carne. Mas agora podemos ser livres para produzir o fruto do Espírito.
Joey Dodson
Pensando sobre:
Como o uso da palavra “andar” em Gálatas 5:16 contribui para a sua compreensão da passagem?
Como você descreveria o que significa andar no Espírito?
Qual o papel do Fruto do Espírito no contexto de um ambiente de trabalho?