Agora Deus nos revelou sua vontade secreta a respeito de Cristo, isto é, o cumprimento de seu bom propósito. Efésios 1:9
Quando conheci o Russell, soube que ele era o homem certo para mim. Ele era ousado e direto, mas sensível e perspicaz; uma combinação rara e especial. Acima de tudo, eu sabia que Jesus era a pessoa mais importante na vida dele. Acreditava verdadeiramente que a vida com Russell seria uma aventura emocionante. E eu não estava errada!
Como muitos casais, somos completamente opostos. Ele é sério, e eu sou divertida. Ele é organizado, e eu nem tanto. E os nossos interesses também são totalmente diferentes. Ele aprecia esportes ao ar livre: é montanhista, nadador de águas profundas e caçador que gosta de artesanato natural e sobrevivência. Eu? Eu gosto de cidade, restaurantes e hotéis. Acho que acampar é uma forma de tortura. Estamos ligados a interesses e desejos específicos, e as nossas personalidades são um mundo à parte. Mas tudo isso torna a nossa vida em conjunto divertida. Ele é ousado e querido, e eu adoro isso nele.
Logo que nos casamos, comecei a observar a reação das pessoas em relação ao Russell. Ele era muito “preto no branco”, “direto demais”, “entusiasmado demais” e simplesmente “exagerado”. Os mal-entendidos e acusações afetavam a sua natureza sensível. Frequentemente, ele lamentava: “Peço sempre desculpas por quem eu sou”.
Durante vinte anos, observei o marido que tanto amo tentar se encaixar em vários trabalhos, igrejas e comunidades. Ele simplesmente parece não se relacionar muito bem com pessoas comuns. Mas percebi um padrão interessante ao longo dos anos. Não importa onde ele esteja, Russell parece sempre ser empático com os soldados. Parece que ele não consegue subir uma montanha ou montar uma tenda sem conversar e rir com alguém que tenha tido um passado militar. E eles o amam!
Há 5 anos, o Senhor abriu a porta para Russell se juntar à Marinha Britânica. Hoje ele serve como capelão dos Comandos da Marinha Real. Esses homens são duros e gostam de homens de ação e fala direta, e Russell encaixa-se perfeitamente entre eles. É como se Deus o tivesse feito para este papel. É profundamente gratificante para mim observá-lo nos seus afazeres, fazendo o seu melhor: conectando-se com os soldados e compartilhando Cristo com eles. E quando Russel faz isso, eles o ouvem.
Ele diz frequentemente: “Se você quer encontrar a sua verdadeira identidade, morra para si mesmo e confie no Senhor para trazer o seu verdadeiro ‘eu’ à vida”. Russell estava no final dos 40 anos, quando se tornou capelão. Todos os anos de constrangimento e incompreensão fizeram parte do plano de Deus, preparando-o para o trabalho que estava para vir. Nos momentos certos, Deus revelou diferentes formas de Russell se encaixar na “sua vontade secreta a respeito de Cristo, isto é, o cumprimento de seu bom propósito” (Efésios 1:9). A revelação de Deus sobre a Sua salvação é maior do que todos nós, mas cada um de nós tem um papel a desempenhar para levar o evangelho ao mundo em que Ele nos colocou. Deus tem usado Russell para compartilhar o amor de Jesus com outros durante muitos anos, mesmo em papéis que não lhe têm sido particularmente adequados. Não temos de nos sentir confortáveis para sermos úteis. Contudo, é no seu papel mais recente como capelão que Russell compreendeu plenamente que Deus tinha realmente um plano específico em Sua mente quando o formou.
Há uma cena poderosa no filme Carruagens de fogo (1981), sobre o vencedor da Medalha Olímpica de Ouro e o missionário cristão Eric Liddell. Nessa cena, Liddell diz: “Deus me fez com um propósito. Deus me fez rápido e quando corro, sinto que Ele se agrada”. Deus fez Russell ser ousado, com desejo por aventura, correndo riscos e praticando esportes radicais e até perigosos. Deus me fez alguém alegre com um senso de humor divertido e amor pela arte. Quem Deus lhe fez ser? Desde que nós o coloquemos no centro da nossa vida, podemos nos expressar plenamente da forma como Ele nos fez. Portanto, quando Deus nos enviar para os lugares e pessoas que Ele preparou, eles nos verão como pessoas autênticas, centradas em Cristo, de acordo com as especificidades que Ele nos projetou e fez (Salmo 139:13).
Reflexão:
- Você já foi mal- interpretado como cristão? O que lhe traz esperança e paz quando isso acontece?
- Quem Deus lhe fez para ser? Onde você se sente mais capaz de viver a sua identidade e ser autêntico diante dele?
- Você consegue exprimir-se da forma como Deus o fez para ser em sua realidade? De que maneira essa abordagem pode impactar negativamente sobre aqueles que convivem com você?
- Como você pode equilibrar a sua autenticidade ao se relacionar com outras pessoas?