Susannah Thompson nasceu em um domingo, 15 de janeiro de 1832, num subúrbio de Londres. A menina tímida, com bom senso de humor e inteligente foi educada em um lar cristão por seu pai R. B. Thompson e sua sábia mãe. Desde cedo, frequentava a Capela da Rua New Park, onde, durante sua infância, ministrava o pastor James Smith, um homem versado na arte de trazer almas a Cristo.
Sua frequência à igreja aumentou quando, ainda em seus tenros anos de adolescência, conheceu um casal de amigos, o sr. e a sra. Olney, que regularmente a convidavam para que compartilhasse um tempo com eles. Durante as visitas dominicais, o casal, que morava próximo à capela, levava Susannah aos cultos. No entanto, a consciência de sua pecaminosidade e consequente necessidade de salvação só veio ao ouvir um sermão baseado em Romanos 10:8 — “A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração…” —, pregado pelo Reverendo S. B. Bergne na velha Capela Poultry. Naquela noite, Susannah rendeu totalmente sua vida a Cristo.
Contudo, conforme os dias se passaram sem que houvesse discipulado e envolvimento no serviço ao Senhor, sua inicial alegria da conversão foi substituída por um estado de frieza e indiferença espiritual.
Durante esse período, mais precisamente em um culto noturno em 18 de dezembro de 1853, Susannah conheceu o homem que se tornaria a influência mais forte em sua vida e aquele com quem, em pouco tempo, se casaria. Charles Haddon Spurgeon, um jovem pastor de 19 anos, foi convidado a pregar nos cultos da manhã e noite na Capela da Rua New Park. Susannah não acompanhara o casal Olney no culto matutino daquele domingo. No entanto, o ânimo de toda a família estava tão exaltado ao retornar ao lar que Susannah ficou curiosa para saber mais sobre o rapaz do interior que ocupara o púlpito de reconhecidos pastores ingleses.
Inicialmente, o julgamento de Susannah a respeito do rapaz foi cheio de preconceito. A capela estava cheia em consequência do empenho dos animados membros da igreja que haviam ouvido o jovem pela manhã e convidaram amigos e vizinhos para ouvi-lo à noite. Spurgeon não exerceu fascínio semelhante em Susannah. O que lhe chamou a atenção, a ponto de diverti-la, foi o visual pouco convencional do pregador: uma gigantesca camisa clerical de cetim preto, seus cabelos mal cortados e um lenço azul de bolinhas brancas que ele carregava no bolso do paletó.
No entanto, a força da mensagem naquela noite impressionou de tal forma a congregação de 232 pessoas que, quatro meses depois, em abril de 1854, Charles Spurgeon foi convidado a mudar-se para Londres, tornando-se o novo pastor da Capela da Rua New Park.
O jovem ministro visitava com frequência o casal Olney no cumprimento de seus deveres pastorais. Lá ele e Susannah tiveram vários contatos, mas não se recordavam de quando foram apresentados pela primeira vez.
A mensagem cristocêntrica de Spurgeon conduziu Susannah ao reconhecimento de seu estado de frieza espiritual. Ela buscou a ajuda de William Olney, o segundo filho do casal Olney, que era envolvido com o ensino na Escola Dominical. Este provavelmente comentou com Charles sobre a crise de fé que Susannah enfrentava e esse pastor acabou por enviar à moça uma cópia ilustrada do livro “O peregrino” (Publicações Pão Diário, 2020) com a dedicatória: “À senhorita Thompson, desejando seu progresso na abençoada peregrinação. De C. H. Spurgeon, 20 de abril de 1854”. Tal atitude de cuidado desinteressado impressionou a jovem que encontrou no livro uma grande fonte de inspiração e auxílio. Aos poucos ela foi tomando confiança para abrir seu coração ao seu pastor na busca por orientação espiritual. Os ensinos que recebia nessas conversas e nos sermões aqueceram o coração de Susannah, levando-a a uma alegria ainda maior do que quando primeiramente entregara sua vida a Cristo.
Em um belo sábado, 10 de junho de 1854, Londres foi tomada de festa. O Palácio de Cristal, uma gigantesca construção pré-moldada de aço e vidro que anteriormente fora montada em Hyde Park para abrigar uma exposição de novas tecnologias, agora era transferida e reinaugurada para Sydenham Hill. Vários membros da Capela da Rua New Park estavam presentes para o desfile e ocupavam os assentos no alto do prédio. Enquanto aguardavam a cerimônia conversavam, riam e se entretinham uns aos outros numa alegre interação. De repente, Charles Spurgeon mostrou a Susannah o livro “Filosofia Proverbial”, de Martin Tupper, e os dois, de forma particular, iniciaram uma conversa interessante:
Palácio de Cristal, Londres
—O que você acha da sugestão do poeta?, perguntou ele. Seu dedo apontava para o capítulo intitulado “Sobre o casamento”, e as primeiras linhas diziam: “Busca uma boa esposa de teu Deus, pois ela te será o melhor presente de Sua providência. Contudo, não peças em ousada confiança aquilo que Ele não te prometeu: não conheces Sua boa vontade. Portanto, que tua oração seja submissa, e deixa tua petição a cargo de Sua misericórdia certo de que Ele cuidará de ti. Se deves ter uma esposa em tua juventude, ela já habita esta Terra. Então, pensa nela e ora com fervor por ela”. Com voz suave, ele perguntou ao ouvido de Susannah:
—Você ora por aquele que será seu marido?
O coração disparado, o rubor repentino e os olhos baixados na tentativa de disfarçar o brilho que se instalava responderam de forma convincente à indagação. O resplendor do desfile de inauguração do impressionante prédio ficou ofuscado pelo despertar das emoções que palpitavam no coração da jovem. Terminada a cerimônia, veio o convite para que caminhassem ao redor do Palácio de Cristal e por seus belos jardins. Naquela noite, Deus uniu o coração dos jovens nos indissolúveis vínculos da verdadeira afeição, amizade e amor mútuo.
O pedido de casamento veio menos de dois meses depois na simplicidade do jardim da casa do avô de Susannah. As palavras usadas pelo namorado apaixonado não ficaram registradas na história, mas provocam tremores de emoção e um silêncio comovido na noiva. Após despedirem-se, Susannah dirigiu-se ao seu quarto no segundo andar da casa para, humildemente, agradecer a Deus por ter o amor de um homem tão bom. Mais tarde, escreveu em seu diário registrando a memória daquele dia memorável, 2 de agosto de 1854:
É impossível escrever tudo o que aconteceu nesta manhã. Posso apenas, em silêncio, agradecer a misericórdia do meu Deus e adorá-lo por todos os Seus benefícios.
A consciência de seu papel como esposa de um pregador tão notável veio em uma tarde em que a jovem acompanhou seu noivo a um grande auditório em Kennington onde ele pregaria. As ruas próximas ao local, o lobby de entrada e as escadas que levavam ao auditório estavam lotadas. Totalmente absorto com o sermão que carregava em seu coração, Charles Spurgeon, desapercebidamente, deixou Susannah de lado e seguiu seu caminho. Ela se esforçava para abrir caminho entre a multidão para acompanhar seu noivo, mas sem sucesso. Indignada, irada, abandonou-o e voltou a casa surpreendendo sua mãe que não a aguardava tão cedo. Depois de Susannah abrir seu coração, ouviu um sábio conselho:
—Minha filha, seu amado não é um homem comum. A vida dele é inteiramente dedicada a Deus e a Seu serviço, e você jamais deve tentar tomar o lugar do Senhor no coração de Charles.
Essas sábias palavras acalmaram Susannah, contudo lhe trouxeram também o reconhecimento do quão tola e voluntariosa havia sido. Pouco mais tarde, Charles chegou ofegante perguntando por Susannah a quem procurara com empenho e não encontrara. A mãe da moça adiantou-lhe o ocorrido provocando-lhe profundo abalo pelo erro cometido. Charles ouviu atentamente enquanto sua noiva compartilhava o quão indignada ficara pela falta de atenção que ele lhe dedicara. Depois, ele lhe pediu perdão, assegurando-a de seu grande amor por ela, mas repetiu a lição dada pela mãe: ele era um servo de Deus, e Susannah precisaria estar preparada para, algumas vezes, colocar de lado suas próprias demandas.
Semanas mais tarde, o jovem pregador teria um novo compromisso, desta vez em Windsor. Na cartinha que enviou convidando sua noiva a acompanhá-lo, lia-se: “Eu provavelmente não estarei muito atento a você, caso você decida ir. Mas isso será bom para nós dois: para que Charles tenha espaço para reparação, e para que Susie possa exibir seu crescimento em conhecimento do caráter dele, suportando com paciência as falhas do noivo”.
Aos poucos, Susannah ia se ajustando à rotina de acompanhar seu noivo em seus estudos para os sermões, na preparação dos manuscritos que seriam impressos, na pregação e acostumando-se à sua ausência, vez ou outra, quando ele viajava para exercer seu ministério em outras terras. Embora não tivessem muito tempo para ficarem juntos simplesmente desfrutando da companhia um do outro, o amor e a afeição mútua cresciam e cada vez mais almejavam unir-se definitivamente.
O casamento aconteceu no inverno de 1856 na Capela da Rua New Park e foi oficiado pelo pastor da Capela Finsbury, o Dr. Alexander Fletcher. Susannah acordara cedo e passara a maior parte do tempo em oração em seu quarto em busca de bênção e orientação para a nova vida que se descortinava diante dela. No entanto a moça tímida jamais poderia imaginar o alvoroço que se formaria em torno de seu enlace matrimonial. Desde cedo, multidões afluíram para o local aguardando as portas da capela se abrirem para que pudessem buscar assento. Prevendo que assim seria em decorrência da fama do noivo, foram distribuídos ingressos para os que quisessem assistir à cerimônia dentro da capela. Porém, a rua New Park e seus arredores ficaram bloqueados pela quantidade de pessoas que, mesmo a distância, desejavam testemunhar o evento. Uma força policial foi destacada a fim de manter a ordem. Abertas as portas, todos os assentos foram tomados em menos de 30 minutos.
O vestido de Susannah era simples, como era de se esperar por sua personalidade discreta. A cerimônia iniciou com a congregação entoando o hino “Salvation, O, the joyful sound!” (“Salvação, ó, a jubilosa canção!”), seguida pela leitura do Salmo 100, uma oração pelo casal, uma breve pregação e a tradicional troca de alianças. Após um último hino, a cerimônia chegou ao fim e o casal recebeu os cumprimentos na própria capela.
O jovem casal teve sua lua de mel de dez dia em Paris. Susannah, fluente em francês e conhecedora da cidade por viagens anteriores, serviu de cicerone para seu marido. Visitaram igrejas, palácios e museus, e a jovem esposa encontrou novo prazer nos familiares passeios devido à animação do estreante. Anos mais tarde, durante uma de suas muitas idas à Cidade Luz, Charles escreveu em carta a sua esposa: “Meu coração alça voo em tua direção enquanto lembro de minha primeira visita a essa cidade tendo-te como guia. Amo-te agora como amava-te naquela época, porém multiplicadas vezes!”.
Seu primeiro lar foi estabelecido em uma casa modesta na rua New Kent. As noites de domingo, após o culto, eram desfrutadas pelo casal sentado próximo à lareira lendo livros de poesia ou de renomados autores cristãos. A biblioteca sempre ocupou o melhor cômodo do lar dos Spurgeon. Por ocasião de sua morte, Charles Spurgeon possuía 12 mil volumes de livros!
Por esse tempo, Charles decidiu investir boa parte de seu salário para arcar com as despesas de estudos de um jovem ministro que lhe era muito querido, Thomas William Medhurst. Logo, o casal estaria financiando o treinamento pastoral de outro candidato ao ministério. Para que isso acontecesse, os recém-casados formaram uma linda parceria em que Susannah tomou para si a responsabilidade de administrar os gastos da casa economizando todo o possível a fim de poder ofertar a outros que, de outra maneira, não poderiam se preparar para a seara de Deus.
Em poucos anos, todo o empenho do casal resultou na fundação do Pastor’s College, um centro de formação ministerial, administrado por Charles Spurgeon.
Os gêmeos fraternos, Charles e Thomas, nasceram em 20 de setembro de 1856 trazendo ainda mais alegria ao casal.
Contudo, um mês depois, enquanto Susannah ainda se recuperava do parto, uma grande nuvem negra se elevou no horizonte trazendo consigo dias de escuridão e sombras sobre a vida da família.
Charles e Thomas com a mãe
Era a noite de 19 de outubro. Charles H. Spurgeon pregaria pela primeira vez no Surrey Gardens Music Hall, um importante teatro construído à margem Sul do rio Tâmisa com capacidade para acomodar 10 mil pessoas. Antes de sair, o casal orou, e Susannah abençoou seu marido. Ela continuou em espírito de oração tendo em mente o grande desafio que o jovem ministro teria pela frente. Sua mente se distraíra com os cuidados de seus bebês, quando um barulho de carruagem freando em frente ao seu portão assustou-a. Não poderia ser Charles! Era muito cedo ainda. Um dos diáconos foi conduzido ao interior da casa. Por sua aparência alarmada, Susannah soube de imediato que algo ruim ocorrera. Foi quando se desvelou o relato da terrível tragédia.
Naquela tarde, pouco antes do início do culto, entre 10 a 12 mil de pessoas haviam se reunido ao redor do teatro aguardando uma oportunidade para adentrar ao novo local de adoração. O templo da Capela da Rua New Park havia se tornado pequeno para acomodar a crescente congregação e decidiu-se alugar o Surrey Gardens Music Hall enquanto o novo templo era construído.
O culto havia transcorrido há apenas alguns minutos quando alguém da galeria gritou:
—Fogo! As galerias estão desmoronando!
O pânico espalhou-se, e a turba corria sem controle na tentativa de abandonar o prédio. Charles esforçou-se para acalmar a multidão. Não havia fogo, ou qualquer outro problema acontecendo. Gritava:
—Por favor, sentem-se! Não há motivo para alarme! Por favor, voltem aos seus assentos!
A situação eventualmente se acalmou, o culto foi rapidamente encerrado e a multidão foi despedida sem que o pregador tivesse ideia da extensão do desastre. Aquela noite deixou o saldo de sete vidas perdidas e outras 28 gravemente feridas. Os amigos de Spurgeon tiveram o cuidado de retirá-lo do local por uma porta traseira, impedindo-o de ver os sete corpos colocados no chão à frente do teatro.
Surrey Gardens Music Hall
Spurgeon foi levado para a casa de um amigo em Croydon, a 17 km de distância de Londres, onde Susannah e os bebês se uniram a ele. Esperava-se que o descanso e a mudança de cenário ajudassem a restaurar o seu equilíbrio emocional. As duas semanas seguintes foram de profunda tristeza para o casal. Spurgeon chegou a cogitar nunca mais pregar. A imprensa da época acrescentava ainda mais dor ao seu coração já abatido. Alguns afirmavam que o rebanho de Spurgeon não agira melhor diante do alarde do que qualquer multidão que se reunia para concertos musicais. Homens haviam pisoteado mulheres e crianças na busca por se salvarem.
Foi durante uma caminhada nos jardins que o Espírito de Deus trouxe nova luz à situação. Diante dos degraus que davam acesso à casa onde se refugiavam, Charles parou repentinamente e disse à sua amada esposa:
—Como tenho sido tolo! O que importa o que será de mim, contanto que o Senhor seja exaltado?, e com um sorriso nos lábios e um novo brilho no olhar continuou: —Se Cristo for exaltado, que Ele faça comigo conforme lhe aprouver. Minha única oração será que eu morra para mim mesmo e viva plenamente para Ele e para Sua glória. Ó, esposa querida, agora entendo! Louve ao Senhor comigo!
Deus honrou o casal que o louvara em seu vale mais profundo. Quando retornaram a Londres, Charles retomou a pregação, e as multidões que se reuniam para ouvi-lo eram ainda maiores!
Jamais houve dois pássaros que sentissem tão intensa alegria em construir seu ninho nos galhos de uma árvore do que nós em planejar, colocar as coisas em ordem, alterar e rearranjar nossa bela casinha no interior.
Susannah era muito ativa em seu ministério entre as mulheres da congregação, aconselhando-as e preparando-as para o batismo. Quando finalmente a igreja foi transferida para seu templo definitivo, o Tabernáculo Metropolitano, em 18 de março de 1861, ela foi a primeira, logo após os oficiais, de uma longa lista de membros a assinar o registro de gratidão a Deus no livro da igreja.
Tabernáculo Metropolitano, 1861
A saúde de Susannah começou a declinar rapidamente no final da década de 1860, algo que a limitou muito no acompanhar seu marido no ministério. As frequentes ausências de Charles por viagens ministeriais trouxeram a ambos um sofrimento extra o qual superavam da forma mais heroica possível. Por outro lado, produziram uma série de correspondências que aqueciam os seus corações e amenizavam a distância.
Em 1869, a casa de Helensburg foi demolida para dar espaço a um lar com espaço mais adequado a fim de acomodar a família e a ampla biblioteca. A generosidade dos Spurgeon em compartilhar seus ganhos para abençoar outros e promover o evangelho se refletiu na vida da congregação que pastoreavam. Por ocasião da reconstrução dessas mais amplas acomodações, um grupo de amigos se reuniu para ofertar ao casal mais da metade dos custos da reforma.
Durante esse período, Susannah ficou hospedada em Brighton, onde submeteu-se a uma cirurgia que ajudou a aliviar parte de suas dores físicas. Enquanto isso, Charles tomou a responsabilidade pela decoração e o fez com o maior esmero e carinho levando sempre em consideração o gosto da esposa. Quando Susannah recebeu liberação médica para retornar a Londres, foi recebida com muita alegria por seu marido, que fez questão de mostrar-lhe cada cômodo e todas as adaptações que ele havia planejado para que sua esposa enferma pudesse encontrar o máximo conforto e descanso em seu novo lar.
O sempre atento marido costumeiramente perguntava a Susannah se ela gostaria que ele lhe trouxesse algo em especial, normalmente recebendo uma resposta negativa. No entanto, certa vez, usando seu aguçado senso de humor, ela pediu-lhe um anel de opala e um pisco-chilreiro para alegrar seus dias com sua cantoria. Surpreso Charles lhe respondeu:
—Ah! Você sabe que não tenho como trazer-lhe essas coisas. Por dias a inusitada demanda foi alvo de riso no lar dos Spurgeon. No entanto, Deus, em Seu infinito amor, tinha outros planos. Pouco depois, sem que ninguém, além do casal, conhecesse o teor da bem-humorada conversa, ambos os presentes foram doados por senhoras da igreja agradecidas pelo cuidado pastoral dispensado a elas em tempos de enfermidade em família. Tal prova do cuidado divino trouxe ao casal profundo regozijo e louvor ao Senhor por Seu carinho continuamente derramado até mesmo nas mínimas coisas.
O apreço do casal por boa literatura sempre se evidenciou em seu hábito de leitura, pela coleção de livros que tinham e pelos textos que produziam. Os sermões de Spurgeon começaram a ser publicados ainda no começo de seu ministério. Em um trabalho de parceria, Charles e Susannah também publicaram uma série de livros com citações do puritano Thomas Brooks (1608–80).
No entanto o relacionamento de Susannah com os livros chegou a um novo estágio, ainda mais profundo, a partir do verão de 1875. Charles havia terminado o primeiro volume de Lições aos meus alunos (Ed. PES, 2014) e solicitou que Susannah lesse a prova gráfica do livro e avaliasse o mesmo.
—Eu gostaria de poder colocá-lo nas mãos de cada pregador da Inglaterra, foi a resposta.
—Por que não o fazer? Quanto você vai ofertar?, veio o desafio.
Essas palavras encontraram acolhida no coração de Susannah e foram a força motriz que deu início ao seu ministério mais reconhecido. Com palavras emocionadas, ela descreve a atitude imediata que tomou:
No andar de cima, cuidadosamente guardados, eu possuía alguns enfeites de cabelo que, por alguma tola razão, eu reunia há anos, sempre que houvesse chance de obter mais um. Contei-os e descobri que eles perfaziam a soma exata para que eu comprasse 100 exemplares da obra. Se alguma pontinha de arrependimento por me desfazer desses itens queridos passou por meu coração, ela se extinguiu rapidamente, e eles foram doados ao Senhor liberalmente e com gratidão.
Por aquele tempo era difícil a muitos ministros do evangelho ingleses poderem arcar com os custos de boa literatura. O anúncio para que os pastores batistas desabastados se inscrevessem para receber as cópias do livro foi feito na revista mensal do Tabernáculo Metropolitano, The Sword and the Trowel (A espada e a colher de pedreiro), em julho do mesmo ano. O número de inscrições superou em muito a quantidade de exemplares disponíveis e, embora inicialmente Susannah tivesse se proposto a doar 100 cópias, ela se esforçou um pouco mais e acabou por ofertar o dobro.
No exemplar de agosto da mesma revista, Charles Spurgeon escreveu: “Foi um enorme prazer para minha amada esposa doar livros para tantos desprovidos servos do Senhor. Mas é triste que haja tantos deles necessitando de tal presente. Será que não há algo que possa ser feito para prover os ministros com livros? Se eles não puderem ser enriquecidos em bens materiais, não podem, pelo bem do povo de Deus, ficar famintos em sua alma”. Esse apelo teve o efeito esperado e amigos começaram a doar dinheiro, de forma que, no mês seguinte, vários pacotes com livros eram enviados diariamente a pastores, e o trabalho ficou formalmente reconhecido como “O Fundo para Livros da senhora Spurgeon”.
Um ano após o início desse ministério já haviam sido recolhidas £ 500 (equivalente e a £ 56.000 atualmente, ou R$ 310.000), sem que houvesse qualquer solicitação formal. Os publicadores das obras de Charles Spurgeon decidiram reduzir seus lucros nas vendas com o propósito de abençoar esse trabalho, e assim foi possível doar 3.058 exemplares.
A observação da existência de tantos ministros sem possibilidades para adquirir livros levou a uma constatação ainda mais triste. Comentando sobre a alegria dos tantos que já haviam sido abençoados pelas doações, Susannah novamente escreveu na revista da igreja com palavras comoventes:
Ora, tudo isso é muito belo e admirável, mas não há também algo pesarosamente sugestivo à Igreja de Cristo? Certamente esses “servos de Cristo”, esses “embaixadores de Deus” deveriam ter merecido melhor tratamento de nossas mãos, e não serem abandonados suplicando por tanto tempo sem o auxílio que lhes é vitalmente necessário em sua sagrada vocação. Os livros são instrumentos tão necessários aos ministros quanto a plaina, o martelo e o serrote para a bancada do carpinteiro. Compadecemo-nos do pobre mecânico que foi privado de sua ferramenta por algum acidente, rapidamente movimentamo-nos para restaurá-la e certamente jamais esperaríamos qualquer trabalho dele enquanto lhe falta o instrumento. Por que, pergunto-me, não trazemos a mesma ajuda racional para nossos pobres pastores e os provemos com os meios para adquirir os essenciais livros? Não nos comove pensar em sua luta, ano a ano, com ganhos de £ 100, £ 80, £ 60 e alguns (envergonho-me em escrever) menos de £ 50 por ano?* Muitos têm famílias grandes; outros tantos, esposas enfermas; outros, infelizmente, têm ambos. Suas contas médicas são pesadas, há as despesas com a instrução dos filhos, a aparência agradável que precisam manter (ou seus ouvintes se escandalizariam). Como conseguem fazer tudo isso sem se endividar (como, para mérito deles devo dizer, a maioria deles o faz), somente eles e seu Deus fiel o sabem! Nunca ouço uma palavra de reclamação deles, às vezes apenas uma ou duas frases tocantes como: “após mais de 16 anos no serviço da vinha do Mestre, sinto dizer que, em decorrência do meu baixo salário, esposa e cinco filhas para sustentar, minha biblioteca possui apenas 43 livros. E não estou em condições de aumentá-la comprando livros”. Ou, como esta outra: “meu salário é tão pequeno (£ 60) que, se não tivesse a ajuda de algumas associações beneficentes, eu teria muita dificuldade para sobreviver”.
Esses homens merecem ser mantidos em pobreza tão profunda de forma que, positivamente, não consigam pagar o preço de um livro sem que seus filhinhos fiquem sem calçados? “O trabalhador é digno de seu salário”, mas esses pobres trabalhadores nos campos do evangelho ganham uma ninharia que é indigna tanto do que trabalha quando do trabalho que ele realiza. E, se o povo deles (que deveria ajudá-los mais) não pode ou não vai fazê-lo, pelo menos nós, amados amigos, faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para encorajar o coração deles e para trazer refrigério para seu espírito abatido. Isso é uma digressão, ouso dizer, daquilo que estou autorizada a escrever, porém, sinto-me na obrigação de dizer o que disse porque meu coração aqueceu-se dentro em mim, e assim desejo ardentemente servir melhor esses pobres irmãos.
No começo de 1877, um amigo colocou à disposição de Susannah uma doação para ajuda financeira a pastores em necessidade. A isso acrescentou-se doações dos Spurgeon e de outros amigos. Assim, teve início um segundo ministério para Susannah, o “Fundo para Socorro a Pastores”. Algumas mulheres também se uniram para prover roupas para as famílias pastorais.
No ano seguinte, o estado de saúde de Susannah piorou muito. No entanto, o trabalho ministerial não diminuiu o passo. Em nenhum momento ela se desesperou ou se rebelou contra o Senhor. Um registro em seu diário conta sobre uma experiência de consolação divina:
No final de um dia muito escuro e depressivo, eu estava descansando em minha poltrona enquanto a noite se aproximava e, embora tudo estivesse radiante em meu pequeno e aconchegante cômodo, uma escuridão externa parecia ter adentrado minha alma e obscurecido sua visão espiritual. Tentei em vão ver a mão que, eu sabia, segurava a minha e guiava meus pés envolvidos em brumas através das trilhas escarpadas e escorregadias do sofrimento. Em aflição de coração, questionei: “Por que meu Senhor trata assim Sua filha? Por que Ele tão frequentemente envia dores tão agudas e amargas para me visitar? Por que permite que a fraqueza prolongada impeça o doce serviço que anseio prestar a Seus pobres servos?”. Essas impacientes perguntas foram rapidamente respondidas, e, embora em linguagem estranha, não foi necessário algum intérprete a não ser o consciente sussurro de meu próprio coração.
Por certo tempo, o silêncio reinava no cômodo, quebrado apenas pelo crepitar do carvalho que queimava na lareira. De repente, ouvi um som doce e suave, uma pequena e clara nota musical, como o gargantear de um pintarroxo em minha janela.
—O que será isso?, disse para a minha acompanhante, que cochilava próximo à lareira. Com certeza nenhum pássaro poderia estar cantando lá fora nesta época do ano e à noite!
Ouvimos novamente a fraca nota melancólica, tão doce, tão melodiosa, embora misteriosa o suficiente para provocar, por um instante, um indisfarçado maravilhamento. Nesse momento, minha amiga exclamou:
—Está vindo da lenha na lareira!
E logo confirmamos que a observação dela estava correta. O fogo liberava a música aprisionada no mais profundo do coração do velho carvalho. Possivelmente ele havia armazenado essa canção nos dias em que tudo lhe ia bem, quando os pássaros cantavam alegremente em seus galhos, quando os suaves raios de sol salpicavam suas tenras folhas com um brilho dourado. Contudo, envelhecera e desde então endurecera; anel após anel de seu penoso crescimento haviam selado a esquecida melodia até que as agudas línguas das labaredas vieram consumir sua calosidade e o calor veemente do fogo arrancaram-lhe, de uma vez, o som e o sacrifício. “Ó”, refleti, “quando o fogo da aflição extrai canções de louvor de nós, então, de fato, somos purificados e nosso Deus é glorificado!”
Talvez alguns de nós sejamos como essa lenha do velho carvalho: frios, endurecidos e insensíveis. Não produziríamos sons não fosse pelas chamas que ardem ao nosso redor e liberam as ternas notas de confiança em Deus e contente conformidade com a Sua vontade. Enquanto eu meditava, o fogo queimava e minha alma encontrou doce consolo na parábola tão estranhamente colocada diante de mim. Cantar em meio ao fogo! Sim! Que Deus nos ajude se esse for o único meio de obter a harmonia de nosso coração endurecido e apático, que a fornalha seja aquecida sete vezes mais do que antes!
As ofertas destinadas ao “Fundo para Livros” continuavam chegando, ainda que não solicitadas e de fontes inesperadas, justamente quando eram mais necessárias e eram investidas, sem delongas, na esperança de que mais recursos chegariam todos os dias. Além dos ministros atuantes na Grã-Bretanha, muitos missionários e pastores locais foram abençoados na Índia, em vários países da África e na Jamaica pelos livros tão generosamente doados.
Certa vez, em 1880, quando Charles voltava para casa de Bigging Hill, Upper Norwood, após tratar de questões concernentes a um testamento que fora deixado em favor do seminário para pastores e dos orfanatos que administrava, ele avistou uma bela propriedade à venda. Há algum tempo, ele sentia a necessidade de se afastar da agitação que agora cercava sua casa em Nightingale Lane e se mudar para uma região mais quente. Dois requisitos eram necessários: que fosse próximo ao Tabernáculo Metropolitano, mas suficientemente distante da fumaça e da neblina de Londres.
Após breve visita, concluiu que o lugar era “demais para ele”. Embora não tivesse feito nenhuma proposta, poucos dias depois recebeu uma notificação informando-o de que o preço proposto não havia sido alcançado e perguntando-lhe se gostaria de fazer uma oferta. No mesmo dia, um velho conhecido mestre-de-obras ligou para Charles perguntando-lhe se desejava vender a propriedade onde habitava, pois havia um potencial comprador. O preço foi estabelecido e, somando-se a ele, a reserva que o casal Spurgeon dispunha seria suficiente para a compra da nova propriedade. Falando sobre essa mudança, Charles sempre dizia: “Eu não o havia planejado. O Senhor colocou uma pá por baixo de mim e me transplantou para Norwood”.
A nova residência representava uma grande melhora na qualidade de vida do casal. Os cômodos eram bem maiores e o jardim cobria 9 acres (aprox. 36,5 mil m2). Durante os primeiros dias, o casal viveu a alegria de descobrir novos recantos de seu pequeno reino.
A nova residência em Norwood
A saúde de Susannah apresentava períodos de melhora, mas a de seu marido começou a declinar rapidamente. Sofrendo de gota, reumatismo e nefrite, Charles precisou se afastar um tempo para Menton, região da Riviera francesa, em busca de um clima mais ameno que ajudasse a aliviar as dores de sua artrite. No entanto, a fragilidade física de Susannah a impedia de fazer viagens tão longas.
Muitas foram as cartas trocadas pelo casal durante esse tempo de exílio do amado esposo. Em novembro de 1890, ele escreveu: “Que brilho solar celestial! É como se fosse outro mundo. Nem consigo crer que eu esteja no mesmo planeta. Que Deus me conceda a graça de isso me ajudar a melhorar”. Tempos mais tarde, acometido de fortíssimas dores que quase o impediam de segurar sua caneta, Charles escreveu: “Amada, perder a mão direita é como ficar mudo. Estou melhor, com exceção das noites. Eu não poderia amar-te mais. Gostaria de estar em casa quando as dores me acometem, mas, quando fico pior, esse ar ameno me ajuda. É como se fossem os portões do Céu. Está tudo bem! Assim, gaguejo uma linha ou outra. Não estou completamente mudo, bendito seja o Senhor! Como Ele é um Deus bom! Ainda o louvarei. A insônia não pode amargar a noite para fazer-me temer quando Ele está tão próximo”.
Em fevereiro do ano seguinte, Charles recebeu alta para voltar a casa. Seu último sermão no Tabernáculo Metropolitano foi em um domingo, 7 de junho. Depois disso sua saúde decaiu rapidamente, e Susannah foi sua incansável cuidadora. Em 26 de outubro, ambos foram a Menton, onde se hospedaram no Hotel Beau-Rivage, buscando novo alívio para as dores físicas do convalescente. A partir de 20 de janeiro de 1892, os sintomas se agravaram ainda mais e Charles ficou acamado. Susannah e sua acompanhante, E. H. Thorne, revezavam-se no cuidado ao paciente. Após cinco dias inconsciente, Charles Haddon Spurgeon faleceu em 31 de janeiro de 1892, cercado por sua esposa e quatro bons amigos. O secretário pessoal do pregador, o senhor Harrald, foi o primeiro a elevar uma oração seguido por Susannah que, resignada pela grande perda, agradeceu ao Senhor o presente que lhe fora concedido durante os 36 anos de casamento.
A notícia da morte de Spurgeon espalhou-se rapidamente ao redor do mundo. Mensagens de pesar chegaram de várias fontes, inclusive da rainha Vitória do Reino Unido. O primeiro culto fúnebre aconteceu em uma igreja presbiteriana, ainda em Menton, a 4 de fevereiro. O féretro chegou em Londres dia 9 e, no dia seguinte, mais de 60 mil pessoas estiveram presentes nos cultos memoriais realizados. No caminho para o cemitério em Norwood, as multidões se acumulavam em frente às lojas fechadas. Quando o caixão foi baixado à sepultura, viam-se apenas o versículo: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé” (2 TIMÓTEO 4:7) aos seus pés e, em cima, uma Bíblia aberta no texto que conduzira Charles a Cristo ainda em sua adolescência: “Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra; porque eu sou Deus, e não há outro” (ISAÍAS 45:22).
Contudo, Susannah permanecera em Menton onde encontrava o consolo entre os olivais e varandas cobertas com roseiras. Neste tempo escreveu em seu diário:
Meu amado Mestre me ensinou sobre Sua verdadeira afeição ao trazer-me à mente Suas próprias palavras a Seus discípulos: “Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai” (JOÃO 14:28). Assim fez-me compreender que o pensamento sobre o júbilo eterno de meu amado deveria superar meu pranto e tristeza egoístas.
Cercada pelo amor e cuidado de seus filhos, Susannah deu seguimento a seus ministérios à frente do “Fundo para Livros” e do “Fundo para Socorro a Pastores”. Com a ajuda do senhor Harrald, também compilou os escritos nos diários, as cartas e os demais registros de Charles para compor a Autobiografia de C. H. Spurgeon, o que lhe tomou vários anos. Ela mesma complementou vários capítulos no tocante à vida familiar.
O talento literário de Susannah ficou evidente em sua autoria dos três devocionais que ela escreveu durante sua luta contra a enfermidade e o luto pela perda de seu amado marido. Também escreveu muitos artigos para a revista semanal “A espada e a colher de pedreiro” e muitos folhetos devocionais.
Em 1895, durante um período de redecoração de seu lar, Susannah hospedou-se em Bexhill-on-Sea, uma cidadezinha litorânea a 84 km de Londres. Sabendo que lá não havia uma igreja Batista, empenhou todos os seus esforços para que essa semente também chegasse naquele lugar remoto. Como resultado de suas ações, foi aberta uma igreja-escola na cidade em 1897 e a pedra fundamental foi lançada pela própria Susannah.
No verão de 1903, Susannah teve uma pneumonia que a prostrou, confinando-a à cama. No auge de sua fraqueza física, quando a chama de sua vida ameaçava apagar, ela se levantou como uma gigante espiritual fazendo afirmações como: “O amor do Mestre em tempos passados me impede de imaginar que Ele agora me abandonaria a afundar nos problemas”.
Em 7 de outubro do mesmo ano, ministrou sua bênção de partida sobre seus filhos. Quando já muito perto de adentrar os portões do Céu, uniu suas mãos e sua face irradiou o brilho celestial. Clamava: “Bendito Jesus! Bendito Jesus! Posso ver o Rei em Sua glória!”.
Às 8h30 do dia 22 de outubro de 1903, aos 71 anos, Susannah deixou essa vida para tomar posse de sua herança eterna. Seus restos mortais foram enterrados no túmulo de seu marido.
Nas palavras de Charles Ray, biógrafo de Susannah Spurgeon:
Ser chamada a uma posição de rara dificuldade ainda em tenra idade, com seu marido elevado a estonteantes alturas de popularidade que poucos teriam suportado sem que se deixassem enredar pelo orgulho, era uma provação para a tímida jovem que assim foi lançada em proeminência. Depois, quando as tempestades dos insultos e calúnias irromperam sobre a cabeça de seu amado, ela poderia ter se sentido esmagada e quebrada, porém resistiu e, com suas palavras de consolo, sua forte afeição, sua piedade e fé, ajudou-o a superar a tempestade. Susannah colocava seu coração e alma em cada braço do ministério dele: economizava consigo mesma para prestar assistências às várias causas e, mesmo nos mínimos detalhes, agia em unidade com seu marido como fiéis mordomos do Deus em quem ela confiava. […]
Ela não necessitava despender a força que tanto exigia de si mesma. Ninguém culparia uma enferma de buscar descanso, mas tudo o que ela realizou, o fez “como para o Senhor”. Sua vida é um brilhante exemplo do que uma mulher frágil que se devota ao serviço do Mestre pode fazer. A senhora Spurgeon permanecerá na memória de todos os verdadeiros cristãos não apenas como a esposa de Charles Haddon Spurgeon. Mas permanecerá na memória como ela mesma, uma mulher que encontrou consolação em seu sofrimento ao ministrar às necessidades de outros. Ela se destacará para sempre!