Vamos embarcar juntos numa jornada até a Páscoa?
Já estamos nos preparando para a Páscoa, e queremos espalhar a mensagem de amor, esperança e paz que Cristo oferece hoje e sempre.
A Páscoa é um momento de profunda reflexão e renovação. É uma oportunidade para pararmos e contemplarmos o significado profundo dessa data tanto individualmente quanto como comunidade de fé. É por isso que gostaríamos de convidá-lo a se juntar a nós nessa jornada de 40 dias, com o livro 40 Dias, 40 Palavras. Assim, podemos andar com Jesus como o nosso encontro particular com Ele para nos prepararmos para o que Deus tem para nós.
Por isso, compartilhamos com você, para facilitar o início dessa caminhada, o dia 1 – como uma oportunidade para se conectar mais profundamente com Deus e desenvolver sua fé, enquanto espera a chegada da celebração da ressurreição de Jesus Cristo.
Quarenta
"Jesus preparou-se para a Prova, jejuando quarenta dias e quarenta noites."
Mateus 4:2 Tweet
Nos anos que se seguiram à vida, morte e ressurreição de Jesus, tornou-se prática da Igreja Primitiva separar os dias que antecediam o domingo de Páscoa.
Essa observância foi oficialmente adotada pelo Concílio de Niceia, no ano 325 d.C., e se tornou um período de 40 dias, que veio a ser conhecido como Quaresma. Mas por que 40 dias?
Os números parecem ser importantes na Bíblia. O sete aparece com frequência e é considerado o número da perfeição, talvez devido aos sete dias da criação. O número 12 também é comum nas Escrituras — as doze tribos de Israel, os doze discípulos de Jesus e as doze portas da Nova Jerusalém.
E há também o número 40, que aparece ao longo de toda a Bíblia: a chuva do dilúvio de Noé durou 40 dias e 40 noites; os israelitas vagaram 40 anos no deserto; os espiões israelitas passaram 40 dias observando a terra de Canaã; Golias desafiou o exército israelita durante 40 dias; Jonas avisou à cidade de Nínive que ela teria 40 dias para se arrepender.
O jejum, uma prática associada à jornada anual até a Páscoa, também está biblicamente ligado a um período de 40 dias: Moisés jejuou durante 40 dias em preparação para receber a Lei (Êxodo 34:28); Elias jejuou 40 dias antes de se encontrar com o Senhor no monte Horebe (1 Reis 19:8).
Há na Bíblia mais um jejum de 40 dias: Jesus passou 40 dias no deserto jejuando, antes de ser tentado por Satanás (Mateus 4:1-3). Poderíamos examinar mais profundamente esses 40 dias de jejum. Podemos pensar neles como encontros particulares, reservados.
Para Moisés, os seus 40 dias de jejum o levaram a um encontro com o próprio Deus, a transmissão divina dos Dez Mandamentos. Já o encontro de Elias ocorreu em um momento em que ele estava no limite e desejava morrer — mas Deus veio a ele na hora certa. O encontro de Jesus foi com o Maligno, Satanás, que o tentou três vezes.
Poderíamos pensar nos 40 dias que antecedem a Páscoa como o nosso próprio “encontro particular”. É aqui que nos preparamos humildemente para o que Deus tem para nós. Neste ano, a Páscoa poderá chegar em um momento em que necessitaremos, como Moisés, dedicar-nos novamente a seguir os padrões de Deus. Talvez a Páscoa nos toque quando, como Elias, estivermos no limite. Talvez seja durante essa época que nos identifiquemos com Jesus em resistir às tentações do Maligno.
Esse último ponto merece ser mais explorado. Essa prática de 40 dias de preparação para a Páscoa liga a tentação de Cristo à Sua ressurreição. De que maneira, porém, elas estão ligadas? Lembramos uma das tentações de Satanás a Jesus: “Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo” (Mateus 4:6). Satanás acrescenta que, ainda que Jesus se jogasse do ponto mais alto do templo, anjos o socorreriam — nada demais. É claro que as palavras de Satanás são uma artimanha: atirando-se abaixo, Jesus estaria obedecendo a Satanás, e não à vontade do Pai. É importante colocar a tentação no contexto cósmico: Satanás estava seduzindo Jesus a abandonar a Sua divindade em um momento de fraqueza humana. Nesse cenário, o destino da humanidade estava em jogo.
Avancemos para a crucificação. Jesus é pregado na cruz. As pessoas que passavam lançaram insultos contra Ele. Elas o desafiaram dizendo: “desça da cruz e salve-se a si mesmo!” (Marcos 15:30), se Ele de fato fosse Deus. Isso soa notavelmente semelhante à tentação por Satanás que ocorrera três anos antes e carrega o mesmo significado cósmico: ao salvar-se, Jesus negaria a salvação de todos nós. Mais uma vez, o destino da humanidade está em risco.
Porém, às vezes não damos o devido valor a quão difícil foi para Jesus, como ser humano, suportar os desafios que lhe foram impostos como Cristo, o Filho de Deus. Sabemos que Sua morte e ressurreição eram o Seu destino, mas não damos atenção à possibilidade de que aquilo poderia não acontecer se Jesus houvesse cedido à tentação.
Quando, neste tempo de Quaresma, nós nos identificamos com Jesus em resistir às tentações do maligno, isso não é algo óbvio ou casual de se dizer. Devemos estar sobriamente conscientes de que as coisas não tinham de acontecer assim. Há outro significado do número 40 em nossa preparação para a Páscoa. Quarenta dias de vida no deserto e tentações são difíceis. Embora possamos ter dias bons, há também dias ruins e, às vezes, muitos dias ruins. Em alguns momentos, vivemos em nosso lar ou trabalho um verdadeiro deserto.
Jesus ficou sem comer, foi tentado por Satanás, lutou contra as seduções da carne, enfrentou situações problemáticas com Seus amigos mais próximos (que, frequentemente, não entendiam quem Ele era) e suportou ridicularização e julgamento de outros. Parte disso soa notavelmente semelhante a desafios que também nós enfrentamos. Mesmo sendo Deus, Jesus viveu uma vida como a nossa.
A Páscoa não surge, a cada ano, feliz e cor-de-rosa. Para Jesus, a luta e a vitória foram difíceis. Igualmente, para nós, os 40 dias que antecedem a Páscoa são uma reflexão acerca do deserto onde nos encontramos e das tentações que enfrentamos. Caminhando junto a Jesus em direção ao domingo da ressurreição, partilhamos com Ele os nossos próprios momentos de seca e fome na jornada da vida, nossas próprias tentações e batalhas contra a carne, as nossas experiências pessoais de incompreensão e julgamentos alheios.
Devido a esses 40 dias, a experiência do domingo de Páscoa tem muito mais significado. Caminhando com Jesus rumo à ressurreição, nós nos aproximamos dele. Esse é o encontro particular definitivo.
PREPARANDO O SEU CORAÇÃO PARA A PÁSCOA
Observe onde ocorreram esses importantes encontros bíblicos: Moisés subiu uma montanha; Elias rastejou para dentro de uma caverna; Jesus caminhou para o deserto.
- Como esta época da Páscoa poderá ser igual para você — uma fuga durante um tempo, em cada dia, até o seu próprio topo de montanha, caverna ou deserto, longe de todo o barulho da sua vida?
- Como você poderá entrar em um lugar tranquilo onde a sua vida poderá ser transformada?
- Em seu lar, sua agenda ou seu ritmo diário, qual é o seu lugar de fuga, o seu lugar para encontrar Deus de uma maneira especial?
Senhor, ajuda-me a dar a ti um tempo separado da agitação da minha vida.