Zelo mal orientado — Encontros diários com Jesus
Marcos 9:38-42
Leia os versículos 39 e 40. Quantos anos incluem estes dois versículos? Em sua opinião, como você pensa que a vida de Jesus transcorreu durante esse tempo? Que fatores contribuíram para o Seu crescimento? Como é difícil entender o sentido das palavras de Jesus!
Estamos tão acostumados a rotular as pessoas segundo as categorias bem definidas que elaboramos, que a aparente flexibilidade do Senhor nos incomoda. Estas definições nos servem para tentar decifrar o mundo que nos cerca. Uma pessoa é de esquerda ou de direita, carismática ou conservadora, espiritual ou carnal, crê no evangelho ou está perdida. Custa-nos aceitar que o mundo possa ser muito mais complexo e misterioso do que as nossas categorias admitem. Este mesmo esforço para se ter tudo bem definido levou os discípulos a impedirem alguém, que não pertencia ao círculo mais íntimo dos seguidores de Cristo, de realizar um ministério em nome de Jesus apesar de esta pessoa também contribuir para a expansão do Reino.
A atitude dos Doze é idêntica aos posicionamentos que levaram à formação de grupos na igreja de Corinto, algo que Paulo condenou com aspereza por ser completamente contrário ao espírito de Cristo. Infelizmente, o mal persiste em muitos grupos evangélicos do nosso tempo que descartam categoricamente que outros, fora da sua denominação, possam ser também parte do povo de Deus. Muitas vezes procuramos justificar este posicionamento com um aparente zelo pela obra de Deus. No fundo, entretanto, não é por amor à obra, mas por orgulho. Baseia-se numa convicção de que somente a nossa maneira de ver a vida e levar adiante o ministério é a forma correta. Todos os demais devem ser censurados porque os seus caminhos, claramente, estão errados. Que confortador se torna a generosa atitude de Cristo.
Ele mostra aos discípulos que os que trabalham a favor do Reino, contudo, nem sempre farão do mesmo modo que nós, nem acompanharão o nosso grupo. O fato de não estarem conosco não significa que não pertençam ao povo de Deus. O problema não está em não pertencerem ao nosso grupo, mas em não entendermos que a manifestação da vida de devoção abrange uma amplitude e diversidade muito maiores do que admitimos. Necessitamos receber a mesma visão que Elias teve no deserto. Estava convencido de que ele era a única pessoa fiel em Israel.
O fato de ele desconhecer a existência de outros sete mil que não haviam dobrado os seus joelhos diante de Baal não negava a realidade de um povo fiel muito maior do que ele sabia. Da mesma forma hoje, Deus tem muito mais povo do que nós sabemos ou percebemos. Abramos o nosso coração para abençoar a outros que também trabalham para o Reino, embora não “sejam dos nossos”.