Vamos falar sobre tolerância?
Talvez você esteja cansado desta palavra: tolerância. Ou a ligue a ideologias políticas. Ou, quem sabe, ache esse tema “frescura”. Mas a verdade é que, quando a intolerância chega ao nosso quintal, sentimos seu aguilhão perfurando nossa alma e desmantelando nosso valor pessoal. Então, se dói assim para nós, quem garante que não terá o mesmo efeito sobre os outros?
Somos responsáveis por tudo o que falamos. Diz-se que a palavra dita é tão impossível de ser recolhida quanto as penas espalhadas do alto de um edifício. Contudo, a intolerância também se manifesta em atitudes: quando agredimos os idosos, ou negamos direitos a alguém porque sua religião é diferente da nossa, ou excluímos de nosso grupo alguém que tenha um status social diferente, ou rejeitamos uma pessoa pela cor de sua pele ou etnia.
Tolerar não implica em concordar com a perspectiva do outro, mas em admitir que ele tem o direito de pensar, agir e sentir de forma diversa à minha (Houaiss, 2009). Tolerar é respeitar. Todos gostamos de ser respeitados e, por isso mesmo, devemos demonstrar respeito aos que estão ao nosso redor.
O ambiente familiar é o melhor lugar para nos “treinar” na tolerância. Os paladares são diferentes, os gostos musicais diversos, os horários de repouso nem sempre batem, as opções políticas podem ser opostas. No entanto, quando criamos um espaço para que as pessoas possam se expressar e ensinamos o respeito aos direitos individuais ou às regras de convivência, estamos treinando nossos filhos a serem justos com o próximo. Lembre-se: seus filhos não são extensão da sua personalidade. É importante aprender a ouvir suas opiniões. Quem sabe essa não será uma excelente oportunidade para aprendermos um ponto de vista que ignorávamos?
No mundo atual é quase impossível não sofrer intolerância por qualquer motivo, mesmo no ambiente virtual da internet. Como agir em face dela? O melhor é seguir o conselho do apóstolo Paulo: “Nunca paguem o mal com o mal… No que depender de vocês, vivam em paz com todos” (Romanos 12:17). Não é fácil “engolir em seco” a ofensa, mas, se isso nos preserva de conflitos desnecessários, é o melhor a ser feito. Aceite o fato: se alguém não está disposto a mudar de opinião, ele não mudará por melhores que sejam seus argumentos. Você não fracassa quando deixa de persuadir alguém de seu erro. Fracassa quando, para defender sua perspectiva, lança mão de meios que lhe retiram a autoridade para continuar argumentando e o direito de ser ouvido.