Força e bondade, um legado de meus avós
Se você ligar neste exato momento para a casa dos meus avós, eles irão atender dizendo: “Jesus te ama, bom dia!” Isso porque eles têm vivenciado e espalhado esse amor de diferentes formas, dedicando suas vidas a amar ao Senhor, ao próximo e à Palavra, cumprindo o IDE de Marcos 16:15 há mais de 50 anos.
O Pr. Silvio e Dona Susi se conheceram no Instituto Bíblico Peniel, em Minas Gerais. Ele é do interior de São Paulo e ela de Curitiba. Em 1964, casaram-se, iniciando o ministério da família e também uma longa caminhada pastoreando igrejas no estado do Paraná. Eu sempre gosto de pensar em como o fato dos meus avós terem deixado sua terra para irem estudar a Palavra de Deus influenciou diretamente a minha existência.
Quando se conheceram e juntos decidiram iniciar uma jornada no ministério, estavam obedecendo uma ordenança do Senhor, confiando na provisão de Deus e sem saber os frutos que aquela decisão traria. A vida deles impactou, e ainda impacta, a de muitos dos quais se tornaram filhos espirituais para eles, inclusive da Rita, que era uma das crianças na escola onde eles trabalharam e hoje trabalha comigo aqui no Pão Diário, mas também de sua família de sangue.
Foram 5 anos em Curitiba, 12 anos em Clevelândia, 5 anos em Pato Branco e 13 anos em Campo Largo. Eles, meus três tios e meu pai sempre moraram no quintal da igreja. A alegria de servir na casa de Deus foi ensinada e um legado espiritual plantado no coração de seus filhos. Quando perguntei ao meu pai, Silvio Junior, qual o sentimento dele em relação a isso, ele respondeu: “Legado não é o que se deixa para as pessoas, é o que se deixa nas pessoas. Hoje, aos 52 anos, sendo a quarta geração de pastores na minha família, admito que o legado que recebi dos meus pais foi eclesiástico e espiritual. Espero, com fé em Deus, que essa corrente do bem continue nas minhas próximas gerações”.
Pensando nisso, vejo o quanto a palavra “bondade” define a Dona Susi. O coração dela está sempre inclinado a ajudar o próximo. Eu não conheço uma pessoa mais generosa do que ela. Mesmo nos tempos mais difíceis, minha avó é capaz de tirar o último ovo da geladeira para oferecer para alguém que esteja com fome ou abrir a porta de sua casa para receber algum desabrigado. Aos 80 anos, ela continua colocando a necessidade dos outros frente às dela.
Para falar do Pr. Silvio, eu usaria a palavra “força”. Aos 88 anos, ele continua firme e lúcido, ama a Palavra e todos os dias estuda seis diferentes livros devocionais, inclusive um Pão Diário 16, que já têm há muitos anos e ainda faz a leitura diária nele (mesmo que eu dê um novo para ele). Ele sempre gostou de cantar louvores. Mesmo quando esteve doente, não deixou de adorar ao Senhor e acredito que seja esse temor e dedicação que o mantém tão saudável. Minha tia Ruth diz: “Olhando para os meus pais, vejo o quanto vale a pena servir a Jesus, pois Ele cuida de nós de maneira especial. Vejo meu pai firme, alegre, confiante, aos 88 anos, e minha mãe dirigindo a casa sozinha, aos 80, muitas pessoas não conseguem isso”.
Para mim, o legado dos meus avós é claro na minha vida, na de meu pai, da minha irmã, dos meus tios e dos meus primos. Nossa família foi firmada na rocha – que é Jesus Cristo! “Se não for o Senhor o construtor da casa, será inútil trabalhar na construção” (Salmos 127:1). Há quatro gerações, isso tem influenciado o nosso relacionamento com o Pai e com a igreja. Claro que é sempre um desafio, porque ter a casa de Deus como sua segunda casa torna a vida do pastor e de sua família uma vitrine. É um exemplo a ser seguido; muitos sacrifícios são exigidos. Contudo, pela minha experiência, a alegria da obediência tem uma recompensa eterna.
Neste Dia dos Avós, eu quero agradecer a Deus pelo privilégio de ter convivido com meus quatro avós desde a infância e até os dias de hoje ter um relacionamento próximo com cada um deles. Estar cercada pela sabedoria daqueles que já viveram tanto e poder me inspirar em suas histórias com certeza é parte crucial da minha formação de caráter e da minha intimidade com Jesus.
Se você tem negligenciado o relacionamento com seus avós, com todo cuidado que essa pandemia exige, tire um tempo para ouvir histórias e perguntar como eles estão. Se você tem a oportunidade, valorize cada momento juntos e, se seus avós já não estão mais aqui, fale sobre a história deles para as próximas gerações da sua família. A história de cada um de nós passa pela história dos nossos avós.
Izabeli Faustini, colaboradora do Pão Diário.