Estudo de caso: A conversão de Caio
“Então, disse Saul a Samuel: Pequei, pois transgredi o mandamento do Senhor e as tuas palavras; porque temi o povo e dei ouvidos à sua voz.”
— 1 SAMUEL 15:24
Eis a triste verdade: um ser humano pode confessar seus pecados e ainda assim ser um descrente. O rei Saul é um exemplo disso.
Olhe ao redor. Hoje a Igreja está cheia de falsos convertidos.
Infelizmente, não é tão difícil entender exatamente como essas falsas conversões acontecem… vamos à história de um garoto chamado Caio.
Caio decidiu passar o verão em um acampamento bíblico. Seus pais haviam participado do mesmo acampamento quando eram jovens e acharam que Caio poderia fazer boas amizades lá. O ambiente era incrível — tudo girava em torno da Bíblia.
Os jogos eram bem pensados, o local era incrível e o grupo era grande e cheio de energia.
À noite, o instrutor, um cara super simpático, super bronzeado e super popular, contaria histórias fascinantes sobre Deus. Ele era praticamente o irmão mais velho que Caio sempre desejou ter.
Caio também gostou da ideia, em parte porque Jéssica também estaria lá. Ela era uma garota doce e totalmente ligada a Deus. Sua biografia do Instagram dizia: “Um pouquinho de café e muito de Jesus”. Caio sabia que esses assuntos de Deus e Igreja lhe permitiam conhecer e conversar com as meninas da igreja.
Quarta-feira à noite, quando todos estavam em seus alojamentos e os instrutores faziam um curto devocional antes de dormir, um garoto do grupo de Caio perguntou sobre a existência do inferno. O instrutor prontamente respondeu que o inferno é real — um lugar onde Deus está ausente. Mas ele também garantiu que ninguém precisava se preocupar, se tivessem Jesus no coração.
Todos já dormiam, mas esta pergunta deixara Caio pensativo, até assustado.
Para não ouvir os roncos, Caio puxou seu saco de dormir para cima da cabeça e ficou remoendo o assunto. Caio percebeu que não sabia se tinha “Jesus no coração”.
No dia seguinte, depois de uma noite de pouco sono, Caio sentia-se cansado… e não conseguia parar de pensar no inferno. Na tarde, durante a hora da piscina, os instrutores do acampamento conversavam entre si — eles viam que Caio estava muito pensativo. Eles, como “irmãos mais velhos” de Caio, acharam que talvez ele estava pronto para tomar uma decisão naquela noite.
Isso encorajava bastante os instrutores, especialmente Carlos, já que seria o responsável pela mensagem da noite.
O sermão de Carlos foi bem simples e fácil de acompanhar. A mensagem baseava-se no fato de que aceitar Jesus nos leva para uma zona segura. Caio ouvia com atenção. Ele sabia que era o sonho de seus pais ouvir que ele também “aceitou Jesus”. Jéssica provavelmente também ficaria feliz.
No final da mensagem, Carlos convidou todos os que queriam se decidir por Cristo a levantar a mão. Caio levantou a mão. Estava decidido: aquela era a noite. Ele queria esse “Jesus”. Finalmente poderia dormir melhor à noite, sem medo, e os amigos que fizera no acampamento certamente achariam legal ele ter se convertido. Um instrutor caminhou até onde Caio estava, e começou uma pequena conversa — ele explicou mais uma vez que não se tratava de religião ou de “boas obras”, mas que o importante era um relacionamento pessoal com Jesus.
Caio concordou e disse que ele queria começar esse relacionamento.
Juntos, eles fecharam os olhos e fizeram uma oração.
Quando disseram “amém”, o jovem instrutor levantou os olhos e com um grande sorriso disse: Amém.
Outra alma perdida salva do inferno!
No dia seguinte, durante o café da manhã com todo o acampamento, o maravilhoso anúncio foi feito: “Ontem à noite, Caio aceitou Jesus”. Uhu! As outras crianças começaram a aplaudir e a gritar. Uma ligação foi feita aos pais do Caio para dar a boa notícia. Todos os esforços do acampamento valeram a pena. Estava planejado para aquela noite a Noite dos Talentos. De pé, Caio contou, emocionado, sua incrível história de conversão e, imaginando a nova vida que começaria agora, ele declarou que aguardava ansiosamente por todas as coisas que Deus iria lhe conceder.
Mas o fato é que havia um problema.
Apenas, um, mas era um grande problema.
Caio não era salvo.
Ele havia aceitado o convite para começar um relacionamento com Deus porque as contrapartidas valiam a pena.
Caio nem sequer estava consciente do peso agonizante de seu pecado.
Ele não entendia que era culpado e merecia a morte.
Não sabia por que Jesus teve de morrer pelos seus pecados.
Pensava apenas que não tinha nada a perder — e tudo a ganhar. Era uma chance de evitar o inferno e de ganhar um “amigo” que lhe daria tudo que desejasse.
Ele começou uma jornada com um ídolo que não existe.
Um ídolo chamado “Jesus”.
A decisão de Caio foi tomada sob pressão: pressão física, porque estava cansado; pressão emocional, porque seus amigos, instrutores e familiares esperavam algo dele; pressão intelectual, porque um conceito criado por homens acerca do inferno o aterrorizava.
Como todo hedonista, ele queria eliminar esta pressão “agora” — afinal, pressão é dor, e já vimos como todos queremos evitar a dor.
Caio sabia que toda aquela pressão iria embora se ele simplesmente aceitasse Jesus. Era um meio para um fim — um recurso para escapar do inferno. Um recurso para agradar a seus pais, para ter uma chance com uma menina bonita e, como um bônus, ganhar de imediato uma boa dose de dopamina com toda a atenção que receberia.
Para anestesiar a dor, ele aceitou Jesus. Não lhe custou nada. Não havia cruz para carregar. Foi uma vitória fácil.
Mas faltava uma coisa: o temor do Senhor, o ódio ao pecado.
Para entender realmente o que isso significa, precisamos:
- nos colocar aos pés da cruz (para sentir o peso do pecado);
- dar uma olhada no inferno (para ver como ele é de fato).