O verdadeiro significado de domínio próprio
Estamos avançando em nossa leitura especial até a Páscoa e o dia de hoje trata sobre o domínio próprio. Várias versões bíblicas trazem a tradução do original como moderação, mas quando nos aprofundamos nas Escrituras podemos encontrar um contexto mais amplo e compreender o que ele significa.
Queremos convidar você a ler o dia de hoje do nosso livro 40 Dias, 40 Palavras. Ali, você poderá refletir sobre este tema, olhando para este conceito por uma perspectiva mais profunda — à luz das Escrituras.
Se você deseja aprofundar sua compreensão sobre esse importante aspecto da vida espiritual e estar pronto para a celebração da Páscoa, não deixe de adquirir o livro em nosso site. Ele está disponível para compra, e sua jornada de reflexão e crescimento aguarda.
Domínio próprio
"Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio."
2 Timóteo 1:7 Tweet
A época da Páscoa é, como vimos, um momento para nos examinarmos nas questões do pecado, da carne e da tentação. Muito disso é abrangido por um termo que aparece frequentemente nas Escrituras — domínio próprio.
Algumas versões da Bíblia traduzem a palavra como “equilíbrio” ou “moderação”, que adquiriu sentido e sensibilidade vitorianos — a importância de sermos adequados e contidos, atendo-nos aos limites. Se nos aprofundarmos nas Escrituras, encontraremos um contexto mais amplo para compreender o que significa, com mais precisão, o termo domínio próprio. Os filósofos gregos amavam escrever acerca das qualidades de uma pessoa boa. Assim, não surpreende existirem diversas palavras gregas diferentes para a qualidade a que chamamos domínio próprio. Sócrates, Platão e filósofos estoicos posteriores valorizaram a capacidade de controlar as paixões humanas.
Não deixe os seus caprichos comandarem a sua vida, diriam eles. Eles cunharam a palavra enkrateia — poder interior (a raiz krat continua presente em palavras como autocrata, aquele que governa sozinho. Uma pessoa com enkrateia governa a sua própria vida interior). Esse termo é usado em algumas listas de virtudes no Novo Testamento, incluindo o fruto do Espírito (conforme Gálatas 5:22-23; veja também 2 Pedro 1:6).
É interessante Paulo haver usado o termo em sua defesa perante o governador romano Félix: “Paulo se pôs a discorrer acerca da justiça, do domínio próprio e do juízo vindouro” (Atos 24:25). Sophron é outra palavra para domínio próprio, usada tanto por filósofos gregos quanto por apóstolos. Aqui, a ênfase está em uma mente saudável, equilibrada e sã. Paulo usa essa palavra ao descrever a nossa resposta à graça de Deus, que “nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata [sophronos], justa e piedosa nesta era presente” (Tito 2:12).
Ao processar isso, coloque-se na mente dos filósofos gregos. Eles viam pessoas enlouquecidas pela raiva, luxúria ou orgulho (vários dos grandes mitos gregos contam essas histórias). Devido a essas paixões, as pessoas perdiam o controle de si mesmas. Ou, pelo menos, perdiam a consciência do mundo ao seu redor.
Assim, os filósofos exortavam os seus alunos a governar a própria mente, manter um equilíbrio são, permanecer alertas e sóbrios. Os melhores cidadãos das cidades-estados tinham domínio próprio. Agora, avancemos para os escritores do Novo Testamento. A língua hebraica não tinha, realmente, uma palavra para domínio próprio, mas essa cultura sabia muito acerca de sabedoria. E o movimento de Jesus estava descobrindo a sabedoria e a orientação do Espírito de Deus.
Assim, parece que os primeiros cristãos tomaram emprestado esse poderoso conceito grego de controle de si como um argumento chave para disseminar a sua fé: “Você quer criar bons cidadãos com autocontrole ? Isso é difícil, mas quando nos rendemos ao Espírito de Deus, essa qualidade cresce dentro de nós, como um fruto”. Assim, as referências ao domínio próprio no Novo Testamento pretendiam enfatizar às culturas grega e romana que os cristãos eram cidadãos responsáveis, com autodomínio interior e sabedoria especial.
A ideia não é, como às vezes fazemos com que “domínio próprio” seja, tornarmo-nos mansos e indefinidos, simplesmente vivendo dentro dos limites aceitos. Os cristãos devem ser cidadãos distintivos e poderosos na nossa cultura. Isso não significa que precisemos homogeneizar as nossas personalidades para que todos ajamos da mesma maneira. Durante este período de Páscoa, essa compreensão pode lançar nova luz sobre as questões do pecado, da carne e da tentação. Faremos bem em considerar o seguinte versículo: “Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio [sophronismou]” (2 Timóteo 1:7).
A Bíblia retrata a nossa vida cristã em termos da caminhada de Jesus até à cruz, Sua crucificação: “Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos” (Gálatas 5:24). Assim como Cristo morreu por nós, somos chamados a “morrer para nós mesmos”, a pôr de lado os nossos desejos pessoais e a nos tornar, para o mundo, exemplos radiantes do poder transformador de Cristo na vida das pessoas.
PREPARANDO O SEU CORAÇÃO PARA A PÁSCOA
Senhor Deus, eu sei que, se não conseguir dominar a mim mesmo, não terei influência no meu mundo. Confesso que tenho dificuldade de domínio próprio em uma área específica da minha vida. Ajuda-me, Senhor, a lidar com isso.