“Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares; ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se estremeçam.” (ARA)
Eu gosto de estar no controle, admito. Mas existem coisas que eu simplesmente não posso controlar não importa o quanto eu me esforce. Eu não posso controlar o clima. Não posso controlar o que as outras pessoas fazem. Não tenho controle sobre as coisas ruins que, às vezes, acontecem com aqueles que amo. Não posso controlar uma pandemia causada por um vírus. Quando nos damos conta de que não podemos controlar todas as circunstâncias, às vezes começamos a temer. Certo dicionário da língua grega define “temor” desta forma: “um estado de severa angústia, causado por intensa preocupação por perigo ou dor iminentes”. O temor pode até nos sobrevir ao pensarmos sobre coisas ruins que estão acontecendo, ou mesmo se ainda não tiverem acontecido ou nunca aconteceram.
O salmista diz que nós não temeremos “ainda que” a terra desmoronasse. Ele imagina terremotos, enchentes e desastres naturais cataclísmicos. Coisas que não podemos controlar. Quando isso ocorre, e ocorrerá neste mundo decaído, não precisamos temer ou entrar em um estado de profunda angústia. Em outras palavras, quando o mundo “vem abaixo”, não temos que entrar em pânico!
Como evitar isso? Mais uma vez, voltemos à palavra “portanto” no versículo 2, que aponta para o nosso Deus, que é por nós. Ele é o nosso lugar de refúgio e fonte de força. O estado de Arkansas, nos Estados Unidos, tem sua cota de tornados. Em 1997, após um tornado devastador atingir nossa cidade, construímos um abrigo contra tornados em nossa casa — um lugar de segurança cercado por concreto e aço. O salmista está dizendo que Deus é o nosso abrigo, nossa fortaleza, nossa força, nosso poder e nosso socorro sempre presente. Ele não irá a lugar algum e estará sempre conosco. Portanto, não temos que deixar o temor nos sufocar e nos paralisar.
Martinho Lutero, um dos líderes da Reforma Protestante, no início do século 16, escreveu o hino Castelo Forte (CC 323) baseado em alguns dos versículos do Salmo 46. Eis a letra:
Castelo forte é nosso Deus
Espada e bom escudo
Com seu poder defende os seus
Em todo transe agudo
Com fúria pertinaz
Persegue Satanás
Com artimanhas tais
E astúcias tão cruéis
Que iguais não há na terra
A nossa força nada faz
Estamos, sim, perdidos
Mas nosso Deus socorro traz
E somos protegidos
Defende-nos Jesus
O que venceu na cruz
Senhor dos altos céus
E sendo o próprio Deus
Triunfa na batalha
Se nos quisessem devorar
Demônios não contados
Não nos podiam assustar
Nem somos derrotados
O grande acusador
Dos servos do Senhor
Já condenado está
Vencido cairá
Por uma só palavra
Sim, que a palavra ficará
Sabemos com certeza
E nada nos assustará
Com Cristo por defesa
Se temos de perder
Os filhos, bens, mulher
Embora a vida vá
Por nós Jesus está
E dar-nos-á seu Reino
Quando parece que o mundo está desmoronando como agora, a presença poderosa de Deus permanece como uma “rocha inabalável” (F. F. Bruce). Ele é a nossa fortaleza. Ele é o único que nos conduzirá em triunfo.
Senhor, somos gratos porque tu és muito maior que qualquer pandemia. Tu estás assentado em Teu trono. Tu estás no controle. E estás sempre conosco não importa a situação. Obrigado por sempre nos ouvires e te importares com nossas inquietações. Não precisamos temer. Obrigado por seres nossa poderosa fortaleza! Amém.